Na aldeia Kalipety, localizada no Barragem, distrito de Parelheiros, as plantações de batatas estão por todos os lados, cobrem o chão, como se fosse um grande tapete. Ao todo são 20 tipos, entre elas estão a roxa e a branca. De acordo com Jera Guarani, uma das líderes locais, já foram colhidos 70 quilos, utilizados para consumo próprio das famílias.
“ É um trabalho de recuperação das espécies que são do nosso povo”, explica. O milho que possui grãos de mais de uma cor na mesma espiga, também faz parte da lista de alimentos tradicionais recuperados na aldeia. Alguns pés já estão produzindo e no dia da visita feita pela reportagem do jornal , o sabor pôde ser apreciado e, descobrimos que ele está há mais de 300 anos na cultura Mbya.
Jera aproveitou para mostrar sementes de amendoim preto, feijões com pintas rosadas e, explicou que tudo é cultivado seguindo as fases da lua. Não é simplório, eles esperam e têm a paciência necessária para plantar e consumir alimentos de acordo com a recomendação ideal para cada faixa etária da vida.
Fundada em 2010, a Kalipety é uma aldeia preocupada em fortalecer a cultura indígena.
Há um esforço claro em recuperar a simplicidade. Querem ensinar as crianças, por exemplo, a gostar menos dos meios tecnológicos e a valorizar as tradições. Os valores sobre a importância de plantar o próprio alimento, de negar-se ao comodismo da praticidade é um desses esforços.
Nos roçados, é possível ver que há zelo pela preservação ambiental. O cultivo de árvores nativas, prova isso; já plantaram mais de 7 mil mudas. O palmito juçara, espécie ameaçada de extinção, é uma delas.