Alertas de desmatamento na Amazônia crescem 51,45% no primeiro trimestre, mostram dados do Inpe

Março também teve incremento de 29,9% nas emissões de alertas. A análise de dados por trimestre confirma a tendência de crescimento, já que evita distorções sazonais na leitura dos satélites, como a presença de nuvens de chuva, por exemplo.

Os alertas de desmatamento na floresta Amazônica cresceram 29,9% em março de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano passado, de acordo com o sistema Deter-B, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Neste ano, foram emitidos alertas para 326,51 km², enquanto no ano anterior, no mesmo período, foram 251,3 km².

O aumento ocorre em meio à recomendação de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus – mas que não encontra adesão nas regiões mais remotas do país, segundo Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Os alertas diários são emitidos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e servem para embasar ações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já os dados oficiais de desmatamento são do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes).

Março de 2020 registrou a segunda maior taxa de alertas de desmatamentos para o mês desde 2016, atrás apenas de 2018, quando foram emitidos alertas para 356,58 km².

Nós últimos cinco anos, as avisos de desmatamento corresponderam a uma área de 26.740 km².

Segundo Barreto, a tendência de aumento ocorre desde o ano passado.

“Houve uma redução de fiscalização e do discurso político contra a proteção ambiental. Além disso, em dezembro de 2019, foi editada Medida Provisória (910/2019) que dá mais benefícios para invasores de terras públicas (grilagem). Assim, expectativa de desmatar e lucrar aumenta e estimula o desmatamento. A política de isolamento não chega necessariamente nas áreas rurais e especialmente nas regiões mais distantes dos grandes centros”, afirma.

O Pará é o estado com a maior área agregada a receber avisos de desmatamento em março: foram 122 km², e corresponde a 37% do total. Em seguida, está o Amazonas, com 73 km². O terceiro é o Mato Grosso, com 68 km².

Segundo Barreto, a devastação no Pará e Mato Grosso estão ligada à expansão da agropecuária e infraestrutura voltada ao escoamento da produção.

“O Pará tem novas regiões de expansão por causa de grandes projetos de infraestrutura, como o asfaltamento da rodovia Cuiabá-Santarém e trechos da Transamazônica na região de Altamira. Além disso, estão sendo construídos portos para escoamento de grãos”, afirma Barreto.

Já no Amazonas, o problema é a grilagem de terras, ou seja, invasão de áreas públicas para posterior regularização. “O aumento no Amazonas é decorrente de expectativas de asfaltamento de rodovia no sul do estado (Porto Velho – Manaus) e à existência de terras públicas alvo de grilagem”, diz Barreto.

Rondônia, Roraima e Acre também receberam alertas este mês. Amapá, Maranhão e Tocantins não tiveram registros.

97% da área corresponde ao desmatamento com solo exposto, quando a área perde a cobertura de vegetação. 1,7% são áreas que mantiveram a vegetação. E o restante, equivalente a 1,1%, corresponde à atividade de mineração.

As áreas de preservação mais afetadas no primeiro trimestre de 2020 são a Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará; a área de proteção ambiental do Tapajós, também no Pará; e a reserva extrativista Chico Mendes, no Acre.

Fonte: G1

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