Incêndios destroem milhares de hectares de plantações durante onda de calor na França

Incêndios destroem milhares de hectares de plantações durante onda de calor na França

Milhares de hectares foram incendiados em várias localidades da França durante a onda de calor de quinta-feira (25). Lugares como Normandia, Centro, Hauts-de-France e Lorraine foram os mais afetados pela seca e pelas altas temperaturas.

As chamas impressionantes devoraram campos inteiros. O fogo se propagou rapidamente nas regiões onde os termômetros registraram mais de 40 graus. Em Loiret, 500 hectares de plantação se tornaram cinzas – em Eure, foram 800 e 2000 em Hauts-de-France. O último episódio com tamanha proporção ocorreu há 30 anos.

A onda de calor não foi necessariamente a causa principal desses incêndios, mas ela certamente intensificou seus efeitos ao acelerar o processo de seca da vegetação. Com plantações nessas condições e a ausência de umidade do ar, a menor faísca podia provocar chamas gigantescas.

“Vemos no chão restos de palha queimada e a terra completamente seca”, lamenta Marie-Ange Gagnebien, prefeita da cidade Forêt-le-Roi, que perdeu 160 hectares.

Nessa semana, diversas medidas foram tomadas pelos agricultores contra a seca iminente. A Comissão Europeia autorizou a roçagem de todas as regiões com alto risco de calor e antecipou a liberação de auxílios europeus dentro da Política Agrícola Comum (PAC).

Oitenta bombeiros e 17 caminhões foram mobilizados para conter as chamas. Até os agricultores participaram na luta contra o fogo.

Recorde de calor

A capital francesa registrou 42,6°C na tarde de quinta-feira. Essa foi a primeira vez desde que os controles meteorológicos existem que Paris tem temperaturas tão elevadas. A onda de calor também afetou outros países, inclusive no norte da Europa.

Vinte departamentos de um total de 96 na França continental ficaram em alerta vermelho. Muitas cidades não acostumadas a tanto calor, como Lille, Rouen, Orleans e Estrasburgo, registraram temperaturas na casa dos 40°C.

Mas foi na região de Paris que os termômetros atingiram os picos. Segundo Météo France, o serviço meteorológico oficial do país, os termômetros se aproximaram dos 43°C em alguns locais da capital, “o que corresponde à temperatura máxima média em Bagdá no mês de julho”. O recorde parisiense datava de 28 de julho de 1947, quando a capital chegou aos 40,4°C.

As pessoas procuraram sombras nas ruas da cidade e muitos chafarizes se transformaram em piscinas. Os turistas, numerosos nessa época do ano, foram surpreendidos pelas altas temperaturas.

A prefeitura de Paris disponibilizou vários espaços arejados para que a população pudesse se refrescar. Mensagens foram divulgados nas principais redes de rádio e televisão, alertando para a necessidade de se hidratar.

Essa foi a segunda onda da calor extremo na França em menos de dois meses. As autoridades francesas temem que se repita o cenário de 2003, quando as altas temperaturas provocaram a morte de 15 mil pessoas, a maioria idosos.

Outros países europeus sofreram com o calor

A forte onda de calor se espalhou também pela Europa, em países de temperaturas mais amenas, como Bélgica, Holanda e Alemanha, onde os termômetros chegaram na casa dos 40 °C.

Em Amsterdam e Haarlem, na Holanda, o metal das pontes chegou a se dilatar em certos pontos, e funcionários municipais tiveram que resfriar as estruturas com jatos d’água. Na Bélgica, o código vermelho de calor foi acionado pela primeira vez na história do país. A companhia ferroviária local Thalys interrompeu as vendas de passagens de trens por medida de precaução.

As temperaturas sofreram uma queda nesta sexta-feira (26), ficando por volta de 30°C.

Fonte: RFI