PANCs: soluções para segurança alimentar

Você que de alguma forma está em contato com as questões de sustentabilidade já deve ter ouvido falar nas plantas alimentícias não convencionais (PANCs) . Se não, agente explica!

As PANCs vem ganhando atenção, notoriedade e espaço em hortas escolares, urbanas e até rurais. Isso por que ao contrario das plantas cultivadas, nascem espontaneamente e constumam estar adaptadas as condições climáticas e dos solos locais. A resiliência das PANCs tornam esse grupo de vegetais bem presentes nas cidades já que demandam pouco ou nenhum cuidado ao mesmo tempo em que apresentam altos valores nutricionais.

O termo PANC foi criado na tese de doutorado de Valdely Kinupp em 2004. Para se enquadrar nesse conceito a planta deve ser:

  • Comestível
  • Não ser cultivada ou comercializada em larga escala
  • Não ser consumida frequentemente pela população

A dinâmica da produção de alimentos em larga escala trás uma enorme perda da biodiversidade e nós como cosumidores ficamos a mercê dos produtos disponíveis nos mercados. Enquanto vários hectares de plantas exóticas são cultivados com apoio de fertilizantes químicos e agrótóxicos para impedir o surgimento de qualquer outro vegetal que  possa comprometer a monocultura impede-se também a possibilidade de cultivos mais variados e mais nutritivos.

Alem de nutritivas as PANCs protegem o solo exposto da erosão, protegem os rios de assoreamentos, atraem polinizadores, são indicadores das condições de solo e tem alto valor nutricional e medicinal. As PANCs tambem têm mais facilidade em absorver e armazenar nutrientes que as plantas cultivadas. Assim, em pouco tempo essas plantinhas já trazem bons resultados nas colheitas.

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional define “Segurança Alimentar” como”direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis” ou seja.. tudo a ver com as PANCs!!

Vamos a alguns exemplos de PANCs pra começar sua horta:

Capuchinha

Tropaeolum majus L.
Usos: folhas, flores e sementes comestíveis.
Além das flores coloridas,também são comestíveis as folhas e as sementes. Seu sabor é extremamente picante, similar ao da rúcula e do agrião. Pode ser transformada em molhos, assim como usada em saladas, pestos e omeletes. Não é indicada para quem tem insuficiência renal, gastrite, hipotireoidismo, problemas cardíacos, mulheres grávidas ou lactantes.

Ora-pro-nobis

Pereskia aculeata Mill.
Pereskia bleo (Kunth) DC.
Pereskia grandifolia Haw.

Usos: frutos, folhas cruas ou cozidas. Neutra e suculenta, é querida por seu alto teor de proteínas e de fibras. Famosa em MG, é usada no feijão, na polenta e no recheio de massas e salgados. Usada como corante verde para massas. Para não soltar baba, não deve ser picada. A planta ajuda a fortalecer o sistema imunológico, recompor a flora intestinal e manter a integridade da visão.  Seu cultivo é rústico e fica linda em muros e cercas. Há várias espécies de ora-pro-nobis, todas aparentadas. Os frutos são comestíveis. È considerada “carne vegetal” dada seu alto teor de proteína.

Peixinho


Stachys byzantina K.Koch

Usos: folhas, fritas ou cozidas.
Também chamada de orelha de coelho e lambari-da-horta, essa folha peludinha é consumida empanada e frita, como um peixe, servida como petisco, em estilo “lambari frito”. Das folhas suculentas e nutritivas podese fazer lasanha, massas e até risoto. Seu cultivo exige solo fértil e pleno sol, sendo uma planta considerada ornamental.  Apresenta quantidades expressivas de potássio, cálcio e ferro, além de ser uma excelente fonte de fibra alimentar.

Taioba


Xanthosoma taioba E.G.Gonç.

Usos: folhas, talos e batata, cozidos.
Clássica na comida caipira, produz folhas gigantes. Não deve ser consumida crua, apenas cozida ou branqueada. Sabor excelente, é acompanhamento para feijoada. Usada para charutinho e rocambole vegetal feito no vapor. Seu talo é comestível, mas deve ser preparado separadamente. Tradicional da culinária portoriquenha (yautia), e da culinária indiana (patra). Não deve ser confundida com a taioba de talos roxos (Xanthosoma violaceum), que é comestível mas exige maior cozimento. Rica em vitamina C é exelente para fortalecimento do sistema imunilógico.

Não espere mais! Começe hoje mesmo sua horta de PANCs!!