Guia Completo para Compensação de Carbono

Guia Completo para Compensação de Carbono

A preocupação com as mudanças climáticas está presente no contexto corporativo, impulsionando empresas a adotarem práticas sustentáveis. E uma das estratégias mais eficazes de promover a responsabilidade ambiental é por meio da compensação de carbono.

Essa prática está alinhada com o conceito ESG (Environmental – ambiental, Social – social e Governance – governança), mais precisamente com o pilar ambiental. 

Um estudo publicado pela Nature; intitulado: Corporate motivations and co-benefit valuation in private climate finance investments through voluntary carbon markets, revela que a alternativa de compensação de carbono contribui também para o desenvolvimento sustentável das empresas e é uma das ferramentas para sua descarbonização.

Uma vez que, permite que as organizações continuem crescendo à medida que reduzem os impactos causados ao meio ambiente. Neste artigo, teremos uma compreensão mais abrangente sobre o que é a compensação de carbono.

Para isso, falaremos sobre a sua importância, tendências, metodologias e como as empresas podem implementá-la de forma eficaz em suas operações. Confira os próximos tópicos!

Fundamentos da compensação de carbono: o que as empresas precisam saber

Antes de compreender a importância da compensação de carbono, é preciso entender o conceito de pegada de carbono corporativa. Explicando de maneira simples, esse conceito engloba a quantidade de emissões de gases de efeito estufa (GEE) liberadas (direta ou indiretamente) por uma organização.

Na prática, inclui as emissões provenientes das operações diretas (consumo de energia e transporte) e as associadas às atividades indiretas (produção de matérias-primas, fabricação de produtos e transporte de mercadorias).

E a compensação de carbono? O que significa? Esse é um processo pelo qual as empresas neutralizam suas emissões de carbono. Essa neutralização é possível por meio do investimento em projetos que reduzem ou removem emissões equivalentes de dióxido de carbono da atmosfera.

Quando compensam suas emissões, as organizações assumem a responsabilidade pelo impacto ambiental de suas operações. Além de demonstrarem um compromisso genuíno com a sustentabilidade.

Em alguns países e regiões foram estabelecidos mercados de carbono – nos quais as empresas podem comprar e vender créditos de carbono para compensar suas emissões. 

Esses mercados funcionam de acordo com regras específicas e podem oferecer uma oportunidade para as organizações compensarem suas emissões de forma econômica e transparente.

Os projetos que recebem esse investimento, são os que geram créditos de carbono, e para isso os mesmos precisam preencher os seguintes requisitos:

Adicionalidade As reduções de emissões geradas por um projeto de compensação precisam ser adicionais às reduções que ocorreriam na ausência do projeto e não devem representar a continuação de práticas já existentes.
Medição e transparência Devem seguir metodologias reconhecidas e confiáveis para quantificar as emissões evitadas ou removidas, garantindo que os resultados sejam verificáveis e auditáveis.
Permanência Serão desenvolvidos e geridos para garantir que as reduções de emissões sejam sustentáveis ao longo do tempo e não se revertam após um período específico.
Integridade ambiental Os projetos serão avaliados para garantir que não causem impactos ambientais adversos, como desmatamento, degradação de ecossistemas ou perda de biodiversidade.
Benefícios sociais e econômicos Devem proporcionar benefícios sociais e econômicos às comunidades locais, como: criação de empregos, desenvolvimento de infraestrutura, fortalecimento da segurança alimentar e apoio a iniciativas de saúde e educação.

Como funciona o mecanismo de compensação por créditos de carbono?

Em termos simples, o mecanismo de compensação por créditos de carbono funciona como uma forma de incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao atribuir um valor financeiro à tonelada de carbono não emitida ou removida da atmosfera. 

Funciona assim: cada crédito equivale a uma tonelada de carbono. De um lado, temos o projeto ambiental que gerou o crédito de carbono, e de outro, a empresa que vai usar esse crédito para compensar as suas emissões. 

Quando alguém utiliza esse crédito para compensar suas próprias emissões, é essencial ter um certificado que comprove essa ação. Esse certificado também possibilita rastrear o registro da compensação – o que é fundamental para evitar a dupla contagem de créditos.

Podemos dizer que o mecanismo de compensação é valioso porque segue o princípio do “poluidor-pagador”. No qual, quem emite poluentes, como carbono, arca com os custos associados. 

Quanto ao dinheiro proveniente das compensações, é usado para financiar projetos que contribuem para a redução ou remoção das emissões de carbono. Tais projetos não seriam viáveis financeiramente sem esse incentivo. 

A Carbon Fair se destaca nesse processo ao fornecer certificados com códigos de rastreamento que permitem aos usuários acompanhar suas compensações.

Esse sistema de rastreamento garante a transparência e a confiabilidade das compensações. Além de assegurar que os créditos de carbono sejam utilizados de forma legítima e eficaz.

Os benefícios da compensação de carbono

A compensação ajuda as organizações a atenderem as regulamentações e a reduzirem sua exposição a riscos financeiros associados às mudanças climáticas. Sem falar que também pode desempenhar um papel importante na diferenciação de mercado.

Uma vez que, os consumidores se tornam mais conscientes das questões ambientais, estão propensos a apoiar empresas que demonstram um compromisso real com a sustentabilidade. Ademais, a compensação de carbono proporciona oportunidades de inovação e crescimento.

Ao investir em projetos de energia renovável, por exemplo, as empresas desenvolvem novas tecnologias e modelos de negócios que as posicionam no mercado de energia do futuro. Da mesma forma, o reflorestamento e outras práticas de compensação de carbono podem abrir novos mercados para produtos sustentáveis, criando oportunidades de receita adicionais.

Outro aspecto importante é que a compensação de carbono pode ser uma ferramenta poderosa para engajar funcionários, clientes, fornecedores e a comunidade em geral nas iniciativas de sustentabilidade da empresa.

Alternativas para compensação de carbono

Para escolher a alternativa de compensação mais adequada, as empresas devem considerar suas necessidades e objetivos específicos. Outros fatores a serem considerados, são: os impactos sociais, ambientais e econômicos associados a cada opção.

É também essencial realizar uma verificação cuidadosa com a ajuda do Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Essa ferramenta é utilizada por empresas para identificar e quantificar as fontes de emissões de carbono. A partir disso, é possível estabelecer estratégias referentes à redução de emissões de GEE. A quantidade que não for passível de redução, poderá ser compensada mediante apoio a projetos que geram benefícios ambientais certificados.

Na prática, o inventário segue as diretrizes e padrões internacionais reconhecidos, como os estabelecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), normas ISO 14064 e pelo Programa Brasileiro do GHG Protocol.

Com base nas informações obtidas pelo inventário, é possível escolher entre as seguintes tipos de projeto para compensação: 

Projetos de energia renovável

Envolvem a geração de energia a partir de fontes renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica ou biomassa. Além de reduzir as emissões de carbono, os projetos de energia renovável também proporcionam benefícios econômicos a longo prazo. A saber: a redução nos custos de energia e maior independência energética.

Projetos de Agricultura Regenerativa

Os solos representam a maior reserva terrestre de carbono, com cerca de 15 bilhões de toneladas, superando em 87% a quantidade presente na atmosfera e em 100% a encontrada na vegetação acima do solo. Essa vasta reserva torna o solo um regulador essencial do CO² atmosférico e está ligada a mais de 40% dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O Terrus Carbon Coffee é o primeiro projeto de agricultura regenerativa do Brasil, que busca identificar e mapear minerais presentes naturalmente nos solos por meio de tecnologias como o mapeamento por susceptibilidade magnética, revelando nanopartículas que têm alta reatividade com outros elementos ambientais.

Essa abordagem visa não apenas preservar carbono no solo, mas também chamar a atenção para a importância da governança do solo e para o desenvolvimento sustentável. Para atingir esses objetivos, são utilizadas tecnologias inovadoras desenvolvidas no Brasil para solos tropicais.

Reflorestamento e Conservação Florestal

O reflorestamento envolve o plantio de árvores em áreas desmatadas ou degradadas. Essa prática é importante, pois as árvores absorvem dióxido de carbono da atmosfera durante o processo de fotossíntese, ajudando a compensar as emissões de carbono. Além disso, o reflorestamento contribui para a conservação da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos e a melhoria da qualidade do solo. 

No caso do reflorestamento, representa uma futura captura de carbono, pois acontecerá quando as árvores crescerem e estiverem maduras. Por outro lado, os projetos de conservação de florestas já existentes realizam a compensação imediata e protegem essas áreas de desmatamento.

Captura de carbono

Essa metodologia envolve tecnologias que removem o dióxido de carbono da atmosfera e o armazenam de forma permanente. Essas tecnologias podem incluir métodos de captura e armazenamento de carbono (CCS). Sendo assim, o CO² é capturado em instalações industriais ou de energia e injetado em formações geológicas subterrâneas para armazenamento seguro a longo prazo.

Essa captura de carbono também pode ser realizada por meio de processos naturais, como a bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BECCS) – onde a biomassa é queimada para gerar energia e o CO² resultante é capturado e armazenado.

Eficiência energética

Investir em eficiência energética pode ajudar as empresas a reduzirem suas emissões de carbono ao otimizarem o uso de energia em suas operações. Isso pode incluir a atualização de equipamentos e sistemas para torná-los mais eficientes em termos de energia, a implementação de práticas de gestão de energia e a promoção de uma cultura organizacional de conservação de energia.

Como calcular e avaliar a pegada de carbono corporativa?

O cálculo e a avaliação da pegada de carbono corporativa são processos fundamentais para entender e gerenciar o impacto ambiental de uma empresa. 

Com um Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), é possível fornecer uma compreensão clara e abrangente das fontes de emissão de uma organização. Dessa forma, ela identifica oportunidades para reduzir suas emissões e mitigar os impactos ambientais associados às mudanças climáticas.

Coleta de dados

É necessário coletar dados relevantes para calcular as emissões de carbono de cada fonte. Isso envolve o uso de registros de consumo de energia, quilometragem de veículos, dados de produção, entre outros. É importante garantir que os dados sejam precisos e abrangentes.

Os gases que podem ser quantificados pelo inventário incluem: dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄), óxido nitroso (N₂O), hidrofluorocarbonetos (HFCs), perfluorocarbonetos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6).

Metodologias de cálculo

Existem várias metodologias e ferramentas disponíveis, como o Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG Protocol) e o ISO 14064. Essas metodologias fornecem diretrizes sobre como calcular as emissões de carbono de diferentes fontes, levando em consideração fatores como eficiência energética, fatores de emissão e mudanças no uso da terra.

Identificação das fontes de emissões

Além do cálculo, é necessário identificar todas as fontes de emissões de carbono associadas às operações da empresa. Esta identificação pode ser dividida em 3 escopos:

  • Escopo 1 – Emissões diretas provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela empresa.
  • Escopo 2 – Emissões relacionadas à geração de energia 
  • Escopo 3 – Emissões indiretas que ocorrem ao longo da cadeia de fornecimento e do ciclo de vida dos produtos.

Análise e avaliação

É importante analisar e avaliar os resultados para identificar as principais áreas de emissão e oportunidades de redução. Para tanto, é preciso comparar as emissões ao longo do tempo,  identificar padrões sazonais ou geográficos e avaliar o impacto relativo de diferentes fontes de emissão.

Estabelecimento de metas e estratégias de redução

Com base na análise da pegada de carbono corporativa, a empresa estabelece metas de redução de emissões e desenvolve estratégias para alcançá-las. Esse projeto envolve investimentos em eficiência energética, adoção de energias renováveis, otimização de processos, mudanças na cadeia de suprimentos, entre outras medidas.

Monitoramento e relato

É essencial implementar um sistema de monitoramento para acompanhar o progresso em direção às metas de redução de emissões e relatar os resultados de forma transparente e consistente. Dessa forma, se mantém a responsabilidade e a prestação de contas em relação aos esforços de redução de carbono da empresa.

Implementando práticas de redução das emissões de carbono

Para implementar práticas de compensação (redução das emissões) de carbono, é necessário ter um compromisso sério com a sustentabilidade. Além disso, requer uma abordagem holística e integrada em toda a organização. Nesse sentido, seguem algumas práticas que devem ser adotadas:

  •  Integração na estratégia corporativa – a compensação de carbono deve ser integrada à estratégia corporativa da empresa, alinhando-se com seus valores, objetivos e metas de sustentabilidade;
  •  Incorporação em operações – trabalhar em parceria com fornecedores para reduzir emissões em toda a cadeia de valor, selecionar os que adotam práticas sustentáveis, preferir produtos e materiais com baixo impacto de carbono;
  • Transporte – uso de veículos elétricos ou híbridos, otimização de rotas e incentivos para o uso de transporte público ou compartilhado;
  • Treinamento dos colaboradores – educar e engajar os funcionários sobre questões de sustentabilidade e a importância da compensação de carbono;
  •  Monitoramento – estabelecimento de indicadores-chave de desempenho (KPIs), realização de auditorias regulares, revisão periódica da estratégia de compensação de carbono para garantir sua eficácia e alinhamento com os objetivos corporativos.

Aspectos legais e normativos da compensação de carbono corporativa

Muitos países estão adotando legislação específica para regular as emissões de carbono e promover a compensação. O que inclui limites de emissões para setores industriais, requisitos de relatórios de emissões para empresas e incentivos financeiros para projetos de compensação de carbono.

Além das regulamentações governamentais, existem padrões e certificações voluntárias que orientam as práticas de compensação de carbono das empresas, bem como as ajudam a demonstrar conformidade e transparência. Por exemplo:

  • ISO 14064 – fornece diretrizes para a quantificação, monitoramento e relato de emissões de gases de efeito estufa;
  • Verified Carbon Standard (VCS) e o Gold Standard – ambas verificam a qualidade e integridade dos projetos de compensação de carbono;
  • Carbon Fair Standard (CFS)– o CFS, pioneiro no Brasil, certifica projetos com soluções baseadas na natureza, incorporando pesquisa, tecnologia e critérios como adicionalidade e processos mensuráveis, transparentes, rastreáveis e replicáveis.

Na Carbon Fair, trabalhamos com projetos alinhados ao CFS e aos principais padrões do mercado de carbono, incluindo:

  • American Carbon Registry (ACR);
  • Climate;
  • Community and Biodiversity (CCB);
  • Gold Standard (GS);
  • Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL);
  • Social Carbon (SC);
  • Verified Carbon Standard (VCS). 

Além disso, nossa plataforma é composta por um grupo multi-stakeholder dedicado a assegurar que os projetos apoiados entreguem os benefícios propostos. 

A legislação brasileira

No Brasil, o Projeto de Lei nº 412/2022 representa um marco importante na regulamentação do mercado de carbono no Brasil, promovendo a adoção de medidas concretas para enfrentar as mudanças climáticas e garantir a sustentabilidade ambiental.

Esse projeto propõe, por exemplo, a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) para regular o comércio de emissões de gases de efeito estufa, estabelecendo limites para as emissões e a comercialização de ativos de emissão, redução ou remoção desses gases.

Como colocar em prática a compensação de carbono?

Para quem deseja comercializar créditos de carbono, o primeiro passo é garantir que os créditos sejam emitidos de acordo com padrões reconhecidos e verificados. 

Nesse sentido, plataformas, como a Carbon Fair, oferecem uma oportunidade para disponibilizar créditos, garantindo transparência, rastreabilidade e confiabilidade nas transações. 

Ao listar os créditos em uma plataforma reconhecida, os vendedores podem acessar um amplo mercado de compradores interessados em compensar suas emissões de carbono. 

Em contrapartida, aqueles que desejam compensar suas emissões de carbono, devem contar com empresas especializadas na quantificação das emissões. Isso pode ser feito por meio de inventários precisos e escolha dos projetos adequados para compensação. 

O portfólio de projetos da Carbon Fair oferece uma variedade de opções, garantindo que os investimentos em compensação sejam eficazes e alinhados com os objetivos de sustentabilidade. 

Além disso, contar com selos e certificados reconhecidos pode facilitar a divulgação das ações de compensação e fornecer garantias durante auditorias e verificações de mercado. Dessa forma, se assegura que as compensações sejam legítimas e contribuam efetivamente para a redução das emissões de carbono.

O futuro do mercado de compensação de carbono

A posteridade do mercado de compensação de carbono promete ser promissor. À medida que mais países implementam políticas de redução de emissões e estabelecem seus próprios mercados de carbono, é esperado que surjam novos mercados regionais de compensação de carbono.

Esse cenário criará oportunidades para empresas compensarem suas emissões e investirem em projetos de mitigação em regiões locais. Com o avanço das tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA), blockchain e Internet das Coisas (IoT), está transformando como as emissões de carbono são monitoradas, relatadas e compensadas.

Essas tecnologias simplificam os processos de mensuração de emissões, aumentam a transparência e a rastreabilidade dos créditos de carbono e facilitam a implementação de projetos de compensação de carbono.

Além dos mercados regulamentados de carbono, os mercados voluntários de compensação de carbono estão ganhando destaque com empresas e consumidores optando por compensar suas emissões por iniciativa própria. Devido a essa tendência, estão surgindo novas oportunidades de financiamento para projetos de compensação de carbono, incentivando a inovação e a expansão do mercado.

Enfim, a compensação de carbono é uma ferramenta poderosa para empresas que buscam demonstrar compromisso com a sustentabilidade e mitigar o impacto ambiental. Ao entender os fundamentos da compensação, adotar práticas sustentáveis e permanecer atualizado sobre as tendências e regulamentações do mercado, as empresas contribuem para um futuro sustentável.

Agora que você sabe como funciona, vantagens e como implementar a compensação de carbono na sua empresa, conheça agora mesmo as soluções inovadoras de neutralização de carbono da Carbon Fair!