Resumo da COP30: e agora, para onde caminha a sustentabilidade?

A Eccaplan analisa os resultados da COP30, os avanços e impasses: a adaptação segue, mas financiamento e transição energética permanecem estagnados
Resumão da COP30 pela Eccaplan

Na última sexta-feira, dia 21, chegou ao fim a COP30, a maior conferência global de sustentabilidade, realizada este ano em Belém, no Pará. 

Foram 11 dias de debates intensos, encontros estratégicos e tentativas de acordo, acompanhados por alertas cada vez mais urgentes da comunidade científica. 

Entre eles, destaca-se um recente relatório da ONU indicando que uma das principais metas do Acordo de Paris — manter o aumento da temperatura global em até 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais — torna-se cada vez mais inviável diante do ritmo atual de ação climática. 

Ganhos ou perdas? A chave se chama adaptação

Diante desse cenário, torna-se essencial fazer um balanço: o que avançou de fato e o que ainda permanece sem solução?

Neste artigo, destacamos primeiro os pontos que sinalizam um compromisso concreto e avanços relevantes, capazes de gerar impactos reais no enfrentamento da crise climática.

Porém, analisamos também os aspectos mais frágeis e preocupantes. Assim, abordaremos os entraves que persistem nas negociações e que podem comprometer metas globais de descarbonização, preservação ambiental e transição energética.

Por fim, compartilhamos a perspectiva do time de especialistas da Eccaplan sobre como a agenda climática deve evoluir ao longo de 2026, até a realização da próxima COP, na Turquia.

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Os principais avanços da COP30 e os desafios que permanecem

Transição justa

A COP30 formalizou um avanço significativo com o Mecanismo de Belém, instrumento dedicado à transição justa que oferece estrutura estável para apoiar países em desenvolvimento na migração para economias de baixo carbono.

O mecanismo reúne cooperação internacional, assistência técnica, formação de capacidades e compartilhamento de conhecimentos.

A partir de 2026, os Órgãos Subsidiários desenvolverão uma proposta detalhada de funcionamento, com contribuições de países e organizações aceitas até março.

A COP30 marca assim uma importante virada política: a transição justa ganha uma trilha própria de desenvolvimento, com horizonte de médio prazo e agenda técnica consistente para orientar políticas públicas.

Em suma, este é um passo decisivo para assegurar que a descarbonização avance de forma eficaz e inclusiva, protegendo trabalhadores e comunidades vulneráveis.

Meta Global de Adaptação – GGA 

Um dos resultados mais aguardados da COP30 foi o avanço na operacionalização do Objetivo Global de Adaptação (GGA), previsto no Acordo de Paris.

Até então, o GGA carecia de instrumentos claros para orientar sua implementação. Após anos de negociação, a conferência em Belém aprovou um conjunto de cerca de 60 indicadores globais, batizados de Indicadores de Adaptação de Belém.

Esse passo representa a primeira vez que a comunidade internacional define métricas comuns para acompanhar a construção de resiliência climática.

Todavia, o caminho até o consenso não foi simples.

Enquanto países da União Europeia e de parte da América Latina defendiam a adoção imediata dos indicadores, o Grupo Africano solicitava mais tempo, temendo que a falta de apoio financeiro e técnico dificultasse sua aplicação.

A decisão final adotou os indicadores como instrumentos voluntários, não punitivos e sem criação de novas obrigações.

Podemos dizer que essa foi uma boa saída para avançar na agenda de adaptação, respeitando as diferentes capacidades nacionais.

Ainda assim, há um ponto crítico em jogo…

Apesar do progresso técnico, ficou evidente na COP30 que o principal entrave para a implementação efetiva do GGA continua sendo o financiamento.

Uma coalizão de países em desenvolvimento pediu a triplicação dos recursos destinados à adaptação, para alcançar pelo menos US$ 120 bilhões anuais até 2030.

Nesse sentido, a insatisfação cresceu quando os países perceberam que esses recursos estão vinculados à Nova Meta Quantificada Coletiva (NCQG), aprovada na COP29, em Baku, e considerada pouco ambiciosa.

A dependência de empréstimos e de financiamento privado, que, na verdade, se mostram instrumentos inadequados para projetos de adaptação, que requerem volume significativo de investimento público e a fundo perdido, intensificou a frustração.

A reação apareceu de forma explícita no plenário.

Panamá, Uruguai e Serra Leoa expressaram preocupação, e a delegação panamenha resumiu o sentimento geral ao afirmar que não se oporia à decisão, mas que achava inviável sem um financiamento claro e específico.

Justamente, quando o tema é financiamento climático

O financiamento climático voltou a ser um dos maiores desafios após a COP30, reforçando a distância entre a urgência das ações e os recursos disponíveis. 

Embora exista um compromisso político de ampliar o aporte global, incluindo a meta de mobilizar US$ 300 bilhões anuais até 2035 e um esforço mais amplo rumo a US$ 1,3 trilhão, ainda não está claro como esses valores serão levantados nem quem deverá liderar esse processo. 

De forma geral, Bancos Multilaterais de Desenvolvimento e fundos climáticos seguem essenciais para apoiar países em desenvolvimento e fortalecer capacidades locais.

No entanto, especialistas alertam que suas contribuições precisam crescer significativamente.

Ao mesmo tempo, governos são pressionados a criar regulações que tornem projetos climáticos mais atrativos ao setor privado. Afinal, estes são vistos como peças-chave para ampliar investimentos. 

Contudo, apesar de sinais positivos, como o avanço do Fundo Florestas Tropicais Para Sempre, que ultrapassou US$ 6 bilhões, a maior parte das decisões ainda deixa lacunas importantes para serem resolvidas na COP31.

Pacote Belém e Decisão Mutirão, respectivamente

Acima de tudo, o Pacote de Belém marcou o encerramento da COP30 com uma mensagem de união e ação.

Aprovado por 195 países, o conjunto de 29 decisões consolidou avanços em áreas centrais da agenda climática, como transição justa, financiamento para adaptação, comércio, gênero e tecnologia.

Assim, entre os destaques está o compromisso político de ampliar significativamente os recursos destinados à adaptação até 2035.

Principalmente, para a presidência da conferência, o momento simboliza mais que o fim de uma negociação.

Na verdade, representa o início de uma década decisiva, em que governos, empresas, cidades e comunidades devem transformar acordos em resultados concretos na vida das pessoas.

Por sua vez, a chamada Decisão Mutirão reforçou o espírito colaborativo que caracterizou a COP30 e estabeleceu uma ponte entre negociação e implementação.

Nesse contexto, a iniciativa cria mecanismos pensados para acelerar a execução do Acordo de Paris, como o Acelerador Global de Implementação, voltado a apoiar países no avanço de suas NDCs e planos de adaptação.

Juntos, esses instrumentos se somam ao trabalho já conduzido pela Agenda de Ação, que reúne centenas de iniciativas e países para impulsionar o Balanço Global.

Ao assumir a presidência da COP até 2026, o Brasil destacou que a tarefa agora é transformar esse impulso político em progresso real.

Portanto, o foco é o multilateralismo, aproximando a agenda climática do cotidiano e acelerando a implementação em escala global.

O “Social” na COP30

Sem dúvida, a COP30 trouxe avanços sociais inéditos ao reconhecer oficialmente o papel de grupos historicamente marginalizados na agenda climática.

Pela primeira vez, afrodescendentes, abrangendo comunidades quilombolas, foram citados em vários documentos centrais da conferência.

Consequentemente, o movimento, impulsionado pela presidência brasileira, consolida uma trajetória iniciada na COP de biodiversidade em 2024.

Esse ponto reforça a necessidade de incluir raça, gênero e território na formulação de políticas climáticas.

Ademais, os direitos territoriais e os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas também foram registrados de forma explícita, marcando um passo significativo rumo à justiça climática.

Afrodescendentes, indígenas e mulheres

Pela primeira vez, os rascunhos oficiais das negociações climáticas incluíram o termo afrodescendentes — um avanço importante em um regime que, desde 1992, quase não mencionava esse grupo, segundo o Geledés.

Porém, esse resultado só foi possível graças a uma forte articulação. Por um lado, a Colômbia liderou a defesa da inclusão, já países como México e Uruguai reforçaram o apoio.

Por fim, o Brasil mobilizou ministros no Dia da Consciência Negra para consolidar o consenso.

Mais ainda, os direitos territoriais e os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas foram reconhecidos de forma inédita, fortalecendo a agenda de justiça climática.

Conjuntamente, o Plano de Ação de Gênero de Belém avançou após intensas disputas diplomáticas. O documento amplia a participação de mulheres, especialmente meninas e mulheres negras, nas decisões climáticas e incorpora temas como saúde, proteção de defensoras ambientais e políticas de reparação.

Embora alguns países tenham tentado restringir o conceito de gênero e limitar referências a direitos humanos, essas propostas foram descartadas.

Deste modo, a versão final assegura uma abordagem mais inclusiva e determina o uso de dados desagregados por raça e gênero, um passo celebrado por especialistas e movimentos em prol do feminino.

E os próximos passos?

A COP30 definiu a Visão Belém–Addis, um processo de dois anos para aprimorar a metodologia dos indicadores globais.

Igualmente, o evento lançou a Rota de Adaptação de Baku (2026–2028), voltada à implementação inicial, à troca de experiências e ao fortalecimento da cooperação técnica.

Na avaliação da Eccaplan, a COP30 finalmente deu forma concreta ao Objetivo Global de Adaptação, mas ainda de maneira incompleta.

A base técnica agora existe, mas sem compromissos financeiros robustos e previsíveis, há o risco de que os indicadores se transformem apenas em relatórios, e não em motores reais de fortalecimento da resiliência climática.

A ausência que marcou a COP30 e os movimentos que podem preenchê-la

Embora a COP30 tenha registrado avanços importantes, um impasse se destacou: a falta de consenso para iniciar uma transição global longe dos combustíveis fósseis.

A proposta de um roteiro para essa mudança, articulada pelo Brasil e pela Colômbia, esbarrou na resistência de países exportadores de petróleo e acabou excluída do texto final, repetindo a baixa ambição da conferência anterior.

Ainda assim, o apoio de 82 países à iniciativa, mobilizado pela ministra Marina Silva, garantiu relevância política ao debate e motivou o Brasil a anunciar dois futuros roteiros: um para uma transição justa e outro para conter e reverter o desmatamento, ambos essenciais para manter viva a meta de 1,5 °C.

Diante desse bloqueio diplomático, um ponto torna-se evidente: a transição energética não pode esperar por decisões multilaterais.

Ela pode ser construída de forma descentralizada, a partir da sociedade civil, das empresas e dos governos locais. Por certo, há caminhos imediatos para isso:

  • mensurar emissões,
  • adotar planos de descarbonização,
  • compensar carbono por meio de projetos certificados,
  • cumprir e superar regulamentações ambientais e
  • incorporar responsabilidade socioambiental na estratégia institucional.

Desta forma, quanto mais atores assumirem liderança desde já, maior será a pressão por acordos climáticos ambiciosos e menor o custo da adaptação no futuro.

E, felizmente, ferramentas para isso não faltam.

A Eccaplan na rota da descarbonização

Organizações podem começar medindo suas emissões, estabelecendo metas claras de descarbonização e compensando seus impactos por meio de projetos certificados.

É justamente nesse ponto que iniciativas como as da Eccaplan se tornam estratégicas: a empresa oferece soluções completas para cálculo e gestão de emissões, entre muitas outras.

E, claro, por meio da plataforma Carbonfair, conecta instituições a projetos sustentáveis auditados, permitindo uma compensação transparente e alinhada às melhores práticas globais.

Ao ir além do simples cumprimento legal e incorporar responsabilidade socioambiental em sua estratégia, cada entidade contribui para acelerar a mudança que ainda patina no cenário multilateral.

Quanto mais cedo esse movimento ganhar escala, maior será a pressão por acordos climáticos ambiciosos e menor o custo de adaptação para todos.

Tudo pronto para avançar na descarbonização e liderar antes mesmo de novos acordos? Conte com o nosso time!

Projetos Sustentáveis Certificados da Carbonfair, plataforma da Eccaplan

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