A discussão sobre as mudanças climáticas é complexa.
Frequentemente ouvimos falar sobre aquecimento global. Alguns dizem que é um fenômeno natural outros que é consequência da ação humana e existem até aqueles que negam a existência desse fenômeno. Separamos algumas definições e explicações que podem elucidar essa questão e um pouco de como o Brasil entra nesse contexto.
Mudanças climáticas X Aquecimento global
Aquecimento global é o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície da Terra que pode ser consequência de causas naturais e atividades humanas.
Isto se deve principalmente ao aumento das emissões de gases na atmosfera que causam o efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2).
Efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para a preservação da vida na Terra, pois mantém o planeta aquecido e habitável ao permitir que parte da radiação solar refletida de volta para o espaço seja absorvida pela Terra.
Um século e meio de industrialização, incluindo o desmatamento e certos métodos de cultivo do solo, resultou em um aumento na concentração de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera.
Desta forma, à medida que as populações, as economias e os padrões de vida crescem, o mesmo acontece com o nível cumulativo de emissões de GEE.
Existem alguns vínculos científicos básicos bem estabelecidos:
- A concentração de GEEs na atmosfera da Terra está diretamente ligada à temperatura média global;
- A concentração de GEES tem crescido constantemente desde a época da Revolução Industrial, o que implicou no aumento contínuo da temperatura global;
- O GEE mais abundante – o dióxido de carbono (CO2) – é produto da queima de combustíveis fósseis.
As mudanças climáticas são portanto uma oscilação nas condições meteorológicas médias, ou na variação do tempo de clima em torno condições médias de longo prazo ou seja, mais ou menos meteorológicos extremos eventos.
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Mas quem realiza e divulga esses estudos?
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foi criado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) para sintetizar e divulgar informações científicas sobre as mudanças climáticas.
Diante do consenso da comunidade cientifica, reunida no IPCC, a ONU aprovou a Convenção Quadro sobre as Mudanças Climáticas Globais, subscrita pelos chefes de estado reunidos no Rio de Janeiro durante a Rio-92. Sete anos depois, em 1997, como a recomendação da Convenção para que os países desenvolvidos reduzissem as suas emissões não estava sendo cumprida, foi aprovado, dentro do seu marco jurídico, um novo instrumento – o Protocolo de Quioto – para estabelecer prazos e metas obrigatórias.
Na ocasião foi estabelecido o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê que os países desenvolvidos poderão financiar projetos em países em desenvolvimento para compensar reduções de emissões não realizadas internamente.
Mas e o Brasil?
No Brasil as emissões de Gases Efeito Estufa começam a se tornar mais impactantes no final da década de 1980. Em 2016 foi o sexto (6o) país que mais emitiu GEEs.
O principal fator é mudança no uso da terra e floresta, como desmatamento, que corresponde a 44% do emitido, seguido pela agropecuária (25%), produção de energia (21%), resíduos (5%) e processos industriais (5%). Pará (13,3%), Mato Grosso (11,7%) e São Paulo (7,6%) são os estados que mais emitem GEE.
O Brasil também já sente algumas consequências da mudança do clima global. “No Brasil, a alteração do ciclo hidrológico já está acontecendo agora. Não é uma coisa para 2100”, observa Paulo Nobre, coordenador do Modelo Brasileiro de Sistema Terrestre (BESM), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).O cientista considera uma irresponsabilidade tratar esses fenômenos extremos, a exemplo das chuvas intensas no Sudeste, como se fossem eventos episódicos que só acontecem uma vez a cada cem anos.
Na COP-21 em 2015, O Brasil estabeleceu como compromissos oficiais reduzir as emissões de GEE em 37% comparado aos níveis de 2005, até 2025, e 47% em 2030. Para atingir tais metas, o país comprometeu-se a ampliar para 18% a parcela da bioenergia e 45% de energias renováveis em sua matriz energética até 2030, além de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas. Em 2009, o país havia estabelecido como objetivo limitar em 2 bilhões de toneladas de GEE e, até este ano, reduzir o desmatamento ilegal na Amazônia para no máximo 3.925 km².
A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) calculou, em maio de 2019, que 1 milhão de espécies correm risco de extinção devido às mudanças climáticas. Na Amazônia habita o maior número de espécies do planeta. “Dezenas de milhares são endêmicas. Numa savanização estamos falando da perda dessas espécies, pois são próprias de floresta úmida, e não de savanas”, alerta Nobre.
O Ministério da Saúde aponta que o número de mortes associadas à poluição atmosférica subiu 14% em uma década – de 38.782 pessoas em 2006 para 44.228 em 2016. O estudo levou em conta doenças crônicas não transmissíveis, cardíacas e pulmonares, assim como cânceres de pulmão, traqueia e brônquios. A pasta estima que as internações por problemas respiratórios custaram R$ 14 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2008 e 2019.
Uma das principais consequências, a elevação do nível do mar, indica que haja retração da linha de costa. Se não houver ocupação urbana, a erosão ocorre sem grandes impactos socioeconômicos e o litoral se adapta a um novo perfil da praia. Já nas regiões urbanizadas o processo de retração encontra barreiras que agravam os impactos.
São muitas as razões para a preocupação com as mudanças climáticas. Mas há também mecanismos para mitigar esses efeitos com o a Neutralização de Carbono.
Saiba como esse mecanismo funciona e veja como empresas e eventos estão neutralizando suas emissões de Gases Efeito Estufa e colaborando para um planeta mais sustentável.
Fontes: ONU, Cetesb, WWF, National Geografic, WRI