Coleita em Mato Grosso (Foto: TVCA)
A agricultura e o pecuária são as duas atividades primárias que lançam a maior parte de substâncias contaminantes na água, como nitrato, fosfato e os pesticidas, afirmou nesta quinta-feira a especialista da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) Sara Marjani.
A FAO divulgou os resultados de um relatório no qual analisou a contribuição relativa dos principais sistemas de produção agrária à contaminação dos recursos hídricos.
“A produção criadora de gado e de cultivos representa uma grande porcentagem dos contaminantes que entram no ambiente”, em comparação com outras atividades de menor impacto como a aquicultura, disse em um ato Marjani.
Em outros setores, os assentamentos urbanos e a indústria são outras das principais fontes de contaminação, segundo o estudo.
A especialista destacou que a qualidade da água se transformou em um problema global, próprio tanto dos países ricos como dos pobres.
A agricultura soma 70% do consumo de água no mundo todo e é responsável pelo vazamento de químicos, matéria orgânica, resíduos, sedimentos e sais.
Nos últimos 20 anos surgiu uma nova classe de contaminantes em forma de fármacos como os antibióticos, além dos hormônios que são usados na pecuária e que também costumam chegar às fontes hídricas e aos ecossistemas, com risco para a saúde.
De acordo com o estudo, a pecuária intensiva contribui sobretudo à contaminação por esse tipo de resíduos, assim como pelos excrementos dos animais e outras substâncias que acabam se degradando no ambiente.
Os cultivos, por sua vez, estão mais relacionados com o uso de pesticidas e elementos químicos como potássio ou magnésio que podem chegar até a água.
Em ambas atividades existe a ameaça de um excesso na utilização de nitrato, fosfato e outros nutrientes como adubos.
Marjani precisou que a China e os Estados Unidos são alguns dos países que mais adubos desse tipo empregam na agricultura, ao mesmo tempo que alertou sobre a crescente poluição no mundo todo pelo abuso de antibióticos.
O aumento da pressão sobre os recursos naturais, por fatores como o crescimento demográfico e a mudança climática, supôs “um maior uso das substâncias contaminantes no setor primário, que afetam a qualidade da água e do solo, a segurança alimentar e a biodiversidade”, acrescentou a especialista.
Fonte: EFE