Fonte: GHG Protocol Brasil
A onda de calor inédita, dois fenômenos naturais e a ação humana vão afetar até 38% dos corais do mundo, ao longo deste ano, e matar mais de 12 mil km² de recifes, segundo um novo levantamento da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa). De acordo com a agência americana, este será o terceiro ano com mortalidade em massa de recifes de corais em todas as regiões do planeta — os episódios anteriores ocorreram em 1998 e 2010.
O oceano absorve aproximadamente 93% do aumento do calor do planeta. E a temperatura global passa por uma curva ascendente. Estima-se que 2015 será o ano mais quente desde o início dos registros, em meados do século XIX.
Parte do recorde dos termômetros se deve ao fenômeno El Niño, que aumenta a temperatura do Pacífico e deve durar até o ano que vem. Os cientistas da Noaa também detectaram uma bolha de água quente, cujo núcleo está oscilando em uma grande parte do oceano.
— Os corais são obrigados a expulsar as algas com quem viviam por simbiose, porque elas começam a liberar substâncias tóxicas — explica Clóvis Castro, biólogo marinho e coordenador do Projeto Coral Vivo.
Esta é uma reação grave, já que as algas são a principal fonte de alimentação dos corais. Sua saída provoca o branqueamento dos corais e evidencia o enfraquecimento de seu esqueleto calcário e, eventualmente, a sua morte.
Os recifes ocupam só 0,1% do piso dos oceanos, mas servem de apoio para 25% das espécies marinhas. Elas são o meio de subsistência de mais de 500 milhões de pessoas e nutrem uma economia anual de US$ 30 bilhões.
— O fenômeno deste ano deve ser mais grave do que os antecessores. Precisamos de ações locais contra o aquecimento global — lamenta Castro. — A biodiversidade marinha depende da sobrevivência dos corais.