Se as concentrações de gás carbônico (CO2) na atmosfera continuarem a aumentar no ritmo atual, o arroz pode se tornar menos nutritivo nas próximas décadas e colocar em risco a saúde de quase 2 bilhões de pessoas que o usam como principal alimento.
Entre 2010 e 2014, um grupo de pesquisadores coordenado pela epidemiologista Kristie Ebi, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, cultivou 18 linhagens de arroz em fazendas da China e do Japão sob diferentes concentrações de CO2.
Os níveis atmosféricos desse gás passaram de 280 partes por milhão (ppm), antes da revolução industrial, para os atuais 410 ppm. Podem chegar a 1.200 ppm até 2100, caso não haja alterações significativas no padrão de emissão global.
O arroz exposto a concentrações mais altas de gás carbônico apresentou 10% menos proteína, 8% menos ferro e 5% menos zinco do que o cultivado com níveis atuais de CO2. Houve ainda redução no teor de vitaminas do complexo B (Science Advances, 23 maio).
Níveis elevados de CO2 na atmosfera diminuem a concentração de nitrogênio, essencial para a produção de vitaminas do complexo B, nas plantas.
Essas vitaminas influenciam a absorção de outros nutrientes e o funcionamento do sistema imunológico no organismo humano. Uma delas, o folato (vitamina B9), é essencial para o desenvolvimento adequado do sistema nervoso central do feto.
A redução nos nutrientes do arroz pode gerar um grande impacto na saúde materna e infantil, sobretudo nos países mais pobres que dependem do cereal, como Bangladesh e Camboja, escreveu Kristie em um texto de divulgação publicado na revista on-line The Conversation.
Fonte: Revista FAPESP