Um projeto está mudando a paisagem de várias cidades brasileiras. Terrenos baldios – que nessa época de chuvas viram um problema de saúde pública – estão ganhando uma outra utilidade país afora.
Couve, alface, cebolinha, abóbora. Alimentos fresquinhos, orgânicos, plantados em conjunto, para toda comunidade. “Precisou, a gente tem para doar””, afirma o aposentado Idevildes Jardim dos Santos.
Toda essa fartura vem das 62 hortas comunitárias que estão espalhadas por toda Birigui, uma cidade de 123 mil habitantes no noroeste do estado de São Paulo.
As primeiras hortas comunitárias surgiram em Birigui na década de 1980 como alternativa para um problemão: espaços abandonados. Terrenos baldios que acumulavam até lixo. “Quando falaram de fazer a horta, eu falei: ‘meu pai do céu, mas aqui era tudo um tremendo lixo’”, lembra a dona de casa Ruth Camargo.
As primeiras hortas foram montadas estrategicamente em locais com muita sujeira. Uma solução simples e eficaz para um problema que parecia não ter fim. Mas os moradores abraçaram a ideia e nesses 40 anos passaram a cuidar desses espaços com muito carinho.
Tudo é muito organizado. A prefeitura doa o que eles precisam para o cultivo e cada família tem o seu canteiro específico. O que sobra não pode ser vendido, tem que ser doado. “Eu adoro doar, eu adoro ver gente feliz”, diz a dona de casa Suney Cristina Almeida Pelegrine.
Uma ideia que se multiplica pelo país. Em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, os moradores transformaram um terreno que era usado para descarte de lixo em um imenso pomar.
Em Rondonópolis, sul de Mato Grosso, os moradores plantaram verduras e legumes em um terreno que era abandonado e muito sujo.
Em Palmas, um casal de idosos adotou um terreno baldio em frente à casa deles, há quase uma década. A experiência deu certo e hoje toda a comunidade é beneficiada.
Na grande Goiânia, uma horta faz parte do projeto, criado por uma ONG, que selecionou dez escolas para o desenvolvimento de uma alimentação saudável. São mais de 20 espécies de verduras, legumes e tem até frutas. Tudo usado na alimentação dos próprios alunos.
“Com certeza a alimentação deles está muito melhor e com outro sabor. Pensa, o aluno lanchar e pensar: ‘poxa… Eu estava no dia que eu plantei’”, conta Carla Oliveira, voluntária da ONG Ecomamor.
Em Birigui, o projeto das hortas também chegou às escolas. Alunos de todas as idades aprendem a cultivar hortaliças e legumes. “Além deles produzirem o alimento, eles se alimentam na escola e levam para casa também”, diz Meiriane Aparecida Beltran, secretária da Educação.
Prato colorido, saudável e bem saboroso.
Fonte: G1