Fonte: GHG Protocol Brasil
Levantamento inédito do Laboratório de Física da instituição de ensino acompanhou entre 2012 e 2013 as emissões de poluição em diversos pontos da cidade de São Paulo e recolheu 1200 amostras retiradas de estações de medição no campus da USP, região do Butantã, na região do Ibirapuera, Cerqueira César e do Aeroporto de Congonhas, na zona Sul.
Segundo o levantamento, 63% do total dos poluentes lançados na atmosfera nestas regiões são provenientes de veículos automotores, a maior parte, carros de passeio e motos.
O maior nível de concentração de poluentes no ar é justamente nos horários quando há mais carros nas ruas: das 8h às 9h e das 17h às 20h.
No período de pesquisa, a região do aeroporto registrou crescimento de 30% na concentração de poluentes.
Para o coordenador do estudo, Paulo Artaxo, a situação só vai ser revertida se o poder público investir de fato em sistemas de transportes coletivos eficientes. A poluição provoca problemas de saúde e até mortes, além de onerar os cofres públicos.
Outro estudo mais antigo, do professor Paulo Salvida, na época em que ele atuava na USP, mostra que a poluição atmosférica mata quatro mil pessoas por ano em São Paulo. De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, 1,3 milhão de pessoas perdem a vida no planeta por causa da poluição urbana.
A palavra de ordem, de acordo com o novo estudo, é diminuir o número de carros e motos em circulação.
Para se ter uma ideia, pela cidade de São Paulo passam 8 milhões de veículos. Deste total, 6 milhões são carros. A frota de ônibus municipais é de 14 mil 878 coletivos, responsáveis por mais da metade dos deslocamentos na cidade.
Assim, além de poluírem mais, os carros ocupam de maneira desigual o espaço urbano.
A diminuição dos veículos particulares para os deslocamentos cotidianos se dá por duas frentes: conscientização para mudanças de hábitos, já que a cultura do carro como símbolo de status e comodidade ainda é forte, apesar de falsa, e melhoria nos sistemas de transportes.
A malha de metrô de fato, o de alta capacidade, teria que triplicar hoje para que as mudanças começassem a ocorrer mais intensamente. O metrô deve ser interligado a corredores de ônibus que possibilitem viagens mais rápidas e em veículos mais confortáveis, como articulados, superarticulados e biarticulados.
Os investimentos em ônibus não poluentes ou que poluam menos, como determina a Lei de Mudanças Climáticas, são considerados essenciais para que a frota de coletivos tenha menos impactos negativos para o meio ambiente.
Ampliação dos serviços de trólebus, ônibus elétricos a baterias, ônibus a etanol e a gás natural são alternativas já apresentadas pela indústria nacional.