O principal jornal televisivo do Brasil deu destaque aos pesquisadores brasileiros que publicaram estudo sobre avanço do desmatamento no país em uma das revistas cientificas mais importantes do mundo – Nature Climate Change. O cenário não está nada favorável para as metas de redução de gases de efeito estufa.
O estudo dos pesquisadores destaca que a situação do desmatamento no Brasil pode comprometer a meta de redução de gases de efeito estufa brasileira assumida no Acordo de Paris. Uma das justificativas apresentada na publicação é que em troca de apoio político, o governo brasileiro está sinalizando que proprietários de terra tenham maior flexibilidade para desmatar determinadas áreas. Além disso, nos últimos anos, o governo assinou diversas medidas provisórias e decretos reduzindo as exigências de licenciamento ambiental, suspendendo a ratificação de terras indígenas e reduzindo tamanho de áreas protegidas.
Essas medidas de “flexibilização” do desmatamento já estão apresentando resultados negativos, pois o aumento da conservação de áreas verdes que estava acontecendo nas últimas décadas, voltou a reduzir desde de 2012 – ano em que o novo código florestal entrou em vigor.
Importância da manutenção de áreas verdes
Toda árvore para crescer retira dióxido de carbono da atmosfera e esse gás transforma-se em carbono que fica estocado nas raízes, troncos, galhos e folhas das árvores. Considerando esse mecanismo natural, as áreas florestais tornam-se imensos reservatórios de carbono.
Quando se destrói uma área verde, todo o gás absorvido pelas árvores ao longo da vida, retorna para a atmosfera. Por isso, conter o desmatamento é a forma mais barata de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
No Brasil existem alguns programas de conservação florestal que recebem incentivos financeiros -através da compra de créditos de carbono- por evitar o desmatamento e degradação florestal. Esses projetos promovem, não só a proibição do desmatamento e a utilização em grande escala de recursos naturais, mas também contribuem para o desenvolvimento sustentável da região. Empresas e eventos podem compensar seu impacto ambiental, ou seja, tornando-se neutro em carbono através do incentivo a esse tipo de projeto. Entenda melhor sobre a neutralização de carbono.
O estudo afirma que qualquer alternativa para reduzir as emissões irá impactar outros setores da economia. Por exemplo, os ônibus a hidrogênio e elétricos, ou combustíveis de aviação a biomassa. Essas alternativas são interessantes e benéficas, porém, nesse momento, ainda não são tecnologias muito caras e impactariam muito esses setores.
Caso o desmatamento continue no ritmo dos últimos 5 anos, o país terá que gastar o dobro do que investe hoje para cumprir o compromisso no Acordo de Paris. O custo poderia chegar até 2 trilhões de dólares até 2050. Situação que que desviaria recursos importantes de setores como saúde e educação para o setor energético.
O Acordo de Paris
Na conferência das Nações Unidades sobre as mudanças Climáticas, que aconteceu em Paris em 2015, foi adotado um novo acordo com o objetivo de criar uma resposta global às mudanças climáticas e seus decorrentes impactos. O objetivo do Acordo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa mundial e, consequentemente, tentar limitar o aumento da temperatura médias global para os próximos anos. Para isso, cada país que assinou o Acordo desenvolveu seus próprios compromissos com base no que o governo considera viável a partir do cenário social e econômico – o chamado INDC – Pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas.
Em setembro de 2016, o Brasil assinou o Acordo e as metas deixaram de ser pretendidas e tornaram-se compromissos oficiais.
Compromisso do Brasil na redução de gases de efeito estufa
Usando como base o ano de 2005, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, e 43% até 2030. Para que a meta seja alcançada, o país pretende aumentar a participação de bioenergia sustentável em sua matriz energética, garantir proibição do desmatamento ilegal, reflorestar cerca de 12 milhões de hectares de florestas e aumentar a participação de energias renováveis na matriz energética. Porém, considerando os últimos dados de desmatamento, serão necessários diversos esforços para garantir o cumprimento.
Fonte: Jornal Nacional e Ministério do Meio Ambiente