Fonte: agência FAPESP
Elton Alisson, de Campos do Jordão | Agência FAPESP – A startup brasileira SANergya, criada por estudantes de mestrado e professores da Universidade de Taubaté (Unitau), no Vale do Paraíba, sagrou-se vencedora da primeira edição da Global Biobased Business Competition (G-BIB), cuja final ocorreu na Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST) 2017, em Campos do Jordão.
Como prêmio, a equipe receberá € 10 mil para executar o projeto de negócio que desenvolveu – um sistema inovador que consegue produzir biogás, biofertilizantes e enxofre a partir da fermentação anaeróbica de efluentes.
“Não imaginávamos vencer a final internacional, já foi uma surpresa termos vencido a final da etapa brasileira [que ocorreu no início de julho na FAPESP], disse Fabrício Miguel Farinassi, mestrando em engenharia de produção na Unitau e integrante da SANergya, à Agência FAPESP.
A equipe brasileira disputou a final internacional da competição entre estudantes de mestrado e doutorado, que seleciona o melhor modelo de negócios baseado na produção sustentável nas áreas de biocombustíveis e biomateriais, com uma equipe da Holanda e outra da Alemanha, cujas propostas de negócios são substituir corantes artificiais por naturais nas indústrias de alimentos e cosméticos, entre outras.
As equipes tiveram que fazer uma apresentação de seu modelo de negócios – pitch, no jargão dos empreendedores – para um júri composto por especialistas internacionais em biocombustíveis e biomateriais.
Ao final da apresentação, elas foram sabatinadas tanto pelo júri como pela plateia, composta por pesquisadores do Brasil e do exterior participantes do evento. A equipe brasileira venceu no voto da plateia. E, momentos depois, foi anunciada como a escolhida também pelo júri.
“Foi uma decisão difícil para o júri”, disse Patricia Osseweijer do BioInnovation Growth Mega-Cluster (BIG-C) – consórcio de instituições públicas e privadas líderes em biocombustíveis da Alemanha, Holanda e Bélgica –, que promove a competição.
“Os modelos de negócios das três equipes finalistas são bem diferentes e apresentam vantagens e desvantagens. Mas, no final, o júri decidiu escolher um modelo de negócios que tem maiores chances de ganhar escala mais rapidamente”, disse Osseweijer.
A equipe brasileira pretende utilizar o dinheiro da premiação para implantar uma planta-piloto nas instalações da Amyris, em Brotas. “Com a planta-piloto, nós poderemos demonstrar o projeto para clientes e deslanchar o negócio”, disse Farinassi.
A empresa desenvolveu um sistema de biodigestão de efluentes que utiliza biorreatores e bactérias, sem criar passivo ambiental e que valoriza os subprodutos da biometanização.
Dessa forma, é possível tratar o biogás oriundo de efluentes e converter o sulfeto de hidrogênio (H2S) – a parte corrosiva do biogás – em enxofre elementar, de grande interesse para a agroindústria.
“No sistema convencional de biodigestão de efluentes, o biogás é tratado em filtros que, com o tempo, saturam, gerando um passivo ambiental indesejável para as empresas”, explicou Farinassi.
Em sua primeira edição, a G-BIB reuniu estudantes de mestrado e doutorado de universidades da Alemanha, Holanda e do Brasil. A etapa brasileira contou no total com a participação de 18 equipes inscritas. Entre elas foram selecionadas oito finalistas que se apresentaram no dia 3 de julho, no auditório da FAPESP, onde a SANergya, da Universidade de Taubaté (Unitau), formada pelos professores Ederaldo Godoy Junior, Arcione Ferreira Viagi, por Farinassi e a mestranda em engenharia mecânica Rafaela Cunha, saiu como a grande vencedora nacional.
Antes da final, os competidores participaram de uma master class no dia 10 de maio, em que aprenderam a estruturar um modelo de negócios baseado em Canvas – uma ferramenta de planejamento estratégico que permite desenvolver e esboçar modelos de negócios novos ou já existentes – com o auxílio de um mentor com experiência na criação de startups.