Antes de mais nada, podemos afirmar sem hesitação que 2025 foi um divisor de águas para a responsabilidade ambiental e social em nível global.
Logo, entre avanços e retrocessos, uma certeza se impôs: a agenda climática deixou de ser um discurso para impressionar stakeholders e se tornou um imperativo real.
Três fatos levantam a bandeira vermelha de alerta
Em primeiro lugar, o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia (UE), confirmou que 2025 deve terminar como o segundo ou terceiro ano mais quente da história, atrás apenas da onda extrema de calor que o mundo enfrentou em 2024.
Segundo: o relatório sobre a Lacuna de Emissões 2025, do PNUMA, mostrou que, com as atuais NDCs e políticas climáticas, estamos caminhando para um aquecimento entre 2,3°C e 2,5°C até o fim do século.
Ou seja, esse valor está muito acima da meta de 1,5°C do Acordo de Paris.
Apesar de uma leve melhora em relação ao ano anterior, o cenário continua crítico e demanda ações muito mais ambiciosas.

O conflito da transição energética
Estudos recentes do Global Carbon Project indicam que o uso de combustíveis fósseis segue em alta.
Analogamente, esse quadro vem impulsionado pela crescente demanda energética que as renováveis ainda não conseguem suprir totalmente.
Por essa razão, a matriz global permanece dominada por fósseis (cerca de 81,5%).
Como resultado, a Agência Internacional de Energia (IEA) projeta aumento na demanda por carvão até 2027, apesar dos esforços de muitos para conduzir a transição energética.
Mudanças urgentes
O conjunto desses dados, somado à crescente pressão de consumidores e investidores por práticas empresariais mais responsáveis — e aos resultados ainda inconclusivos da COP30 em Belém — evidencia que modelos de regeneração precisarão ser incorporados de forma mais incisiva por empresas e organizações.
O recente afrouxamento das regras de relatórios determinado pela Omnibus da UE não sinaliza um descaso com a crise climática.
Pelo contrário, reforça a necessidade de alinhamento internacional em temas como segurança energética, justiça social e adaptação.
Aliás, esses serão alguns dos principais balizadores das tendências para 2026, embora não os únicos, como veremos a seguir.
Principais tendências para 2026
Com o legado deixado por 2025, o próximo ano terá de enfrentar a recuperação ainda desigual da economia mundial, lidar com conflitos persistentes e responder ao aumento das exigências regulatórias.
Tudo isso além dos pontos de convergência já mencionados.
Mais ainda, a expansão de agendas políticas que deslegitimam ou tentam minimizar a gravidade da crise ambiental exige uma reorientação estratégica.
Porém, esse movimento pendular alimenta incertezas, compromete o avanço de acordos internacionais e pode frear o ritmo global de descarbonização.
Paralelamente, a guerra na Ucrânia, a instabilidade no Oriente Médio e as tensões emergentes na América Latina e na África continuam a repercutir sobre cadeias de suprimentos e custos energéticos.
Diante desse cenário, as estratégias climáticas precisarão se apoiar em algumas frentes fundamentais, como vemos a seguir.
Economia Circular aliada à tecnologia
De antemão, em 2026, a Economia Circular deve ganhar novos contornos no Brasil e no exterior.

Nesse contexto, a tecnologia terá papel central, desde que usada de forma responsável e atenta, ressaltamos aqui.
Dispositivos e sistemas como IoT, IA e Big Data serão cada vez mais usados para aumentar a eficiência e reduzir desperdícios, atendendo a um modelo regenerativo e sustentável.
Particularmente, a IA será cada vez mais empregada para acompanhar operações em tempo real, identificar desperdícios, prever riscos e otimizar processos com menor impacto ambiental.
De maneira semelhante, essa inteligência deve se integrar a sensores, plataformas digitais e modelos preditivos, criando ambientes produtivos mais precisos e eficientes.
E, paralelamente, a engenharia de software verde avança como exigência.
Definitivamente, times de tecnologia passarão a desenvolver sistemas menos intensivos em energia, priorizando arquiteturas enxutas, códigos mais limpos e escolhas que reduzam emissões ao longo de todo o ciclo de vida digital.
A busca por infraestrutura mais sustentável
Data centers, vistos como elementos desafiadores da questão climática, como já discutimos anteriormente, terão que adotar novos recursos para continuar operando e se expandindo.
Portanto, devem passar a ocupar regiões abastecidas por fontes renováveis, impulsionando operações mais limpas e competitivas.
O resultado deve ser um ecossistema tecnológico que conecta inovação, eficiência e responsabilidade ambiental de forma estratégica. Ou esse será o pulo do gato.
Seguindo a mesma linha, políticas públicas também tendem a se fortalecer
Um exemplo claro disso é o Plano Nacional de Economia Circular, que avança no Brasil e obriga o país a tirar do papel metas específicas para embalagens plásticas e outros produtos de potencial poluente.
Dentro desse escopo, os modelos de negócios mais inovadores e que empregam a circularidade e devem se espalhar no mundo corporativo brasileiro.
Isso significa dizer que serviços substituem produtos, parcerias se multiplicam e cadeias inteiras passam a operar de forma colaborativa.
Sendo assim, a logística reversa e a reciclagem terão prioridade em 2026.
Acrescente-se a essa necessidade estratégica a implementação de regulamentações mais rígidas.
Espera-se que essas medidas pressionem empresas a repensar processos e a incorporar práticas circulares com apoio de tecnologias de ponta.

Finanças verdes
Indiscutivelmente, a grande tendência de 2026 será a consolidação das finanças sustentáveis como impulso para a transformação empresarial.
Com juros ainda elevados, o acesso ao crédito tende a depender cada vez mais do desempenho da agenda ESG e da solidez das estratégias climáticas de cada companhia.
Então, bancos e investidores ampliarão o peso dos critérios de sustentabilidade nas decisões de crédito e apoio financeiro.
E, por sua vez, os fundos soberanos seguirão o mesmo caminho, ao que indicam as projeções de diversas fontes.
Todavia, um ponto merece destaque especial: projetos que não demonstrem benefícios ambientais ou sociais concretos poderão enfrentar capital mais caro e até restrições no financiamento.
Consequentemente, as empresas terão de reforçar os critérios na seleção de programas e iniciativas que realmente comprovem sua eficácia.
Nessa mesma direção, a governança ganha protagonismo.
Ela passa a ser decisiva para a captação de recursos, para a implementação de práticas sustentáveis e para a condução de processos de compensação de emissões.
Maior fortalecimento dos mercados de carbono
As perspectivas para os mercados de carbono em 2026 apontam para um avanço significativo tanto no Brasil quanto no cenário internacional.
No contexto brasileiro, o governo trabalha para consolidar a base regulatória do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões. As normas infralegais devem ser publicadas até o fim de 2026, enquanto a operação plena do sistema está prevista para 2030.
Com isso, o país busca estimular investimentos de baixo carbono, reforçar a competitividade e acelerar a transição ecológica apoiada por sua matriz energética limpa.
Já no panorama global, cresce a atenção dedicada à integridade dos mercados e à ampliação da demanda por créditos.
Vale lembrar que, em julho de 2025, a Comissão Europeia apresentou a nova meta climática da União Europeia para 2040.
Dessa forma, os países do bloco utilizariam créditos de carbono provenientes de nações em desenvolvimento, como o Brasil.
A proposta estabelece a redução de 90% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040, tomando 1990 como referência. O objetivo é garantir que a UE permaneça alinhada ao compromisso de alcançar emissões líquidas zero em 2050.
Coalizões internacionais ganham amplitude, especialmente após os anúncios da COP30
Iniciativas reúnem países e blocos como União Europeia, China, Canadá, Chile e Brasil em torno de sinais de preço para o carbono, estímulo à inovação e atenção aos países em desenvolvimento com riquezas naturais a serem preservadas.
Vejamos os principais impulsos e coalizões:
- A realização da COP30 no Brasil ampliou a atenção mundial sobre o papel da Amazônia na regulação climática, fortalecendo alianças dedicadas à proteção de florestas e da biodiversidade.
- Governos, setor privado e sociedade civil ampliaram sua articulação. Esse movimento cria espaço para coalizões mais amplas e capazes de suprir lacunas de ambição, governança e financiamento.
- Com o foco voltado para a distância entre compromissos e ações concretas, surgem novas parcerias dedicadas à implementação prática, especialmente em adaptação climática e resiliência.
No entanto, há ainda uma tendência que vai marcar o ano de 2026: a sustentabilidade apresentada em dados concretos, de forma transparente.
Métricas precisas para gestão da sustentabilidade
No próximo ano, a gestão da sustentabilidade dependerá de métricas mais precisas e comparáveis.
Em outras palavras, as organizações terão de seguir padrões internacionais e demonstrar transparência crescente.
Por esse motivo, a medição das emissões de carbono ganhará centralidade, assim como a necessidade de inventários completos que cubram todos os escopos.
Ademais, as métricas ambientais concentram-se na quantificação do impacto real.
Acima de tudo, a contagem das emissões de GEE passa a incluir Escopos 1, 2 e, principalmente, Escopo 3, que envolve toda a cadeia de valor.
Certamente, energia, água, resíduos e uso do solo também entram no conjunto de indicadores essenciais.
Meio ambiente e também social e governança
A princípio, o lado social e de governança, diversidade, condições de trabalho, gestão de riscos e divulgação padronizada tornam-se obrigatórias para atender às expectativas regulatórias e financeiras.
Além disso, frameworks como GRI, IFRS S1 e S2 e as normas da CSRD guiam a coleta e a validação das informações. E a automação, como já dissemos aqui, acelera esse processo.
Primordialmente, há um reforço na necessidade de inventários robustos, atualizados e auditáveis, capazes de sustentar decisões estratégicas e atrair investimentos.

Confiança em quem conhece do assunto
Diante de todas essas transformações, as organizações que desejam avançar de forma consistente precisarão contar com parceiros técnicos capazes de entregar clareza, precisão e impacto real.
É justamente aqui que a Eccaplan se destaca.
Com expertise em inventários de emissões, neutralização de carbono, consultoria e programas certificados de sustentabilidade em sua plataforma Carbonfair, a Eccaplan ajuda empresas a transformar compromissos em resultados verificáveis.
Nossas soluções apoiam desde a construção de estratégias corporativas eficazes até a implementação de ações concretas, integrando tecnologia e metodologia robusta.
Ao longo dos últimos anos, acompanhamos a evolução das regulamentações, das demandas de mercado e das melhores práticas internacionais.
Sabemos que, em 2026, os desafios serão muitos, mas também serão inúmeras as oportunidades para quem estiver preparado.
Porque sustentabilidade não é apenas um compromisso: é uma jornada. E você não precisa percorrê-la sem apoio. Conte com o nosso time!

