Fonte: Envolverde
Lixo por todos os lados, árvores sendo depredadas e cortadas. Esse era o cenário que os alunos da EMEF Ernesto Gurgel Valente, de Aquiraz (CE), presenciavam todos os dias no bosque próximo à escola. Diante da observação de que espécies de animais e plantas estavam desaparecendo na área, os estudantes se sentiram motivados a mobilizar a comunidade escolar por melhorias.
Durante as aulas de ciências, os alunos discutiram temas como sustentabilidade e o destino do lixo. Essas reflexões despertaram neles a curiosidade por saber como era o local antigamente. Decidiram, então, começar pesquisando registros históricos da cidade e do bosque: conseguiram fotos e entrevistaram uma antiga moradora que compartilhou com eles suas memórias.
Antes de planejar, definitivamente, qualquer melhoria para o local, os alunos entenderam que era preciso fazer uma grande limpeza no bosque. Entraram em contato com a prefeitura e fizeram um mutirão para ajudar. Com a área livre de lixo e entulho, começaram o mapeamento das espécies de plantas existentes e das áreas desmatadas. Criaram um mapa no Google Maps com uma série de marcadores e produziram placas, que foram colocadas ao lado das árvores com os nomes de suas espécies.
Plantaram algumas mudas de espécies típicas da região, mas perceberam que além do plantio era preciso monitorar seu crescimento. Dividiram-se em equipes e montaram um calendário de visitas. Com ajuda das professoras Karla Nascimento e Luciene Holanda Viana, criaram um formulário de observação e com os tablets que a escola tinha puderam sair a campo e fazer seus registros. As plantas que precisavam de água eram regadas e aquelas que estavam sendo atacadas por insetos receberam remédio caseiro para afastá-los. Nesta etapa, Letícia Nascimento, aluna e participante do projeto, virou a madrinha de um pé de ipê. Ela sente muito carinho pelos resultados obtidos junto com os colegas. “Quando vemos ele grande assim, ficamos satisfeitos com a evolução da planta”, conta.
O projeto, batizado de “Reflorestamento e Tecnologias Móveis”, vem ganhando ainda mais apoio. Os estudantes do 8º ano que participaram do projeto em 2015 estão sendo preparados para monitorar e ajudar os alunos do 6º, que estão assumindo o projeto em 2016. Douglas Ferreira explica um pouco sobre o processo: “Vamos ensiná-los a dar continuidade a este projeto. Queremos que ele não acabe tão cedo”. E complementa: “Eu quero sair da escola, crescer, e ainda ver essas árvores bem grandes”.
Os estudantes estão compartilhando as ações de melhoria do bosque por toda a cidade. Eles têm canal direto de comunicação com a prefeitura e algumas de suas secretarias e, quase toda semana, enviam gráficos, vídeos e slides com as atividades que foram feitas. A educadora Luciene conta que, “com ajuda das Secretarias está sendo criado um projeto de infraestrutura do bosque e os alunos se revezam para acompanhar e monitorar as ações realizadas neste espaço”. As conquistas não param de acontecer: eles também receberam a doação de bancos e lixeiras de empresas que souberam da iniciativa e resolveram colaborar, além do apoio dos moradores. Um exemplo é Maria da Conceição Rocha, que passa todos os dias pelo local e se orgulha da ação: “Olha que coisa maravilhosa eles fizeram aqui”, conta ela, animada.
O bosque é hoje um grande laboratório vivo e as aulas das turmas acontecem muitas vezes por lá. Com o projeto, não só as árvores, mas também o protagonismo e engajamento dos alunos está crescendo, florescendo e dando frutos.
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