Jardins verticais: como e por que eles estão mudando a cara de São Paulo

Fonte: Hypeness

Do alto de um dos prédios que cerca o Minhocão, nós vimos de perto como funciona a construção de um jardim vertical. O movimento que já está mudando a cidade – e o mundo – promete diminuir o calor, o barulho e ainda: reduzir até 30% dos poluentes soltados pelo carro. De quebra, tudo isso isso é feito em cima de lindos desenhos.

Para quem ainda não conhece, o jardim vertical é uma estrutura capaz de sustentar e manter a vida vegetal sobre e paralelamente às superfícies verticais arquitetônicas. Ou seja, “áreas mortas” dos prédios que consistem em grandes partes de concreto acabam ganhando vida – e verde.

Tudo começou em 2013 a partir da vivência da cidade – que é muitas vezes desagradável. Ou seja, queríamos mudar a condição de São Paulo a partir das áreas verdes. E o que pareceu mais óbvio era ocupar os prédios. Como já existia essa técnica bem consolidada, a ideia foi ocupar as fachadas cegas dos prédios com os jardins verticais”, me conta o paisagista e idealizador do Movimento 90º, Guil Blanche.

E a primeira pergunta que surge é: isso dá infiltração? “Não. O jardim vertical é anexo ao prédio, fica a 10 cm da parede e entre o próprio jardim e a parede circula ar. Ou seja, não oferece nenhum risco ao edifício”, explica Guil.

De perto eu pude ver a estrutura: são placas feitas de resíduo industrial que sustentam blocos de feltros cheio de bolsinhos. E é nesses espaços que as mudas são colocadas e é também por conta deles que parte da água que pinga do sistema de irrigação é absorvida. “Lá no telhado do prédio a gente capta a água da chuva e ela desce por um cano e fica circulando e sendo reutilizada”.

O jardim é um ambiente tão fértil que é imprevisível saber o que pode acontecer. Até semente de árvores eles já encontraram, provavelmente depositada por algum passarinho da região. Então o Guil nos diz que para aqueles projetos que se sustentam pelo desenho, é importante fazer uma manutenção para manter o contorno. Em outros casos ainda não foi necessário. “A gente projeta estudando o nível de crescimento dessas plantas bem como o microclima local. Ou seja, se a parede está voltada para norte, sul, leste, oeste; qual que é a incidência de vento… Portanto são escolhidas plantas que vivem nessas condições”.

O edifício Minerva escalado pelo Hype já é o 6º prédio da região do hoje renomeado Elevado João Goulart. Entre eles você pode encontrar uma carranca, letreiros luminosos e composições harmônicas – tudo projeto por grandes artistas nacionais e internacionais.

Entre as espécies que eu pude ver sendo plantas estão o periquito rosa, brilhantina e a charmosa coração magoado. Perguntei se dá para fazer em casa e o Guil acredita que nesta escala não seja possível ser aplicada ao “faça você mesmo”. Mas ele indica a samambaia como uma ótima espécie para quem quer montar uma pequena versão dos jardins que vimos aqui.

Os jardins do Minhocão são financiados por conta de programas da prefeitura sobre o Termo de Compromisso Ambiental (TCA) como o próprio Jardim Vertical e o Teto Verde, que recebe fundos de empresas de grande impacto ambiental.

O projetos levam cerca de um mês e meio para ficarem prontos, contando desde de a montagem das estruturas responsáveis pela execução do trabalho, como o plantio e a desmontagem. Até o final do ano eles esperam completar 10 jardins verticais nos prédios que cercam o Minhocão, acrescentando 8 mil metros quadrados de área verde para o centro de São Paulo.

 

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