Um campo de futebol de floresta foi perdido a cada segundo em 2017

A perda registrada foi de 29,4 milhões de hectares, a segunda maior desde o início do monitoramento, em 2001. Os dados foram colhidos do mundo todo por satélite.

O papel do Brasil nesse cenário

As perdas de cobertura florestal dobraram desde 2003, enquanto o desmatamento de florestas tropicais cruciais dobrou desde 2008.

O Brasil, que vinha em uma tendência de queda da perda florestal, voltou a sofrer com esse problema em 2017 em meio à instabilidade política. A nação, com seu vasto território amazônico, é vital no combate ao desmatamento.

Durante uma década, a partir de 2005, uma repressão governamental levou a baixas no desmatamento, mas a derrubada de árvores está subindo rapidamente novamente, à medida que a disputa política tira a atenção das autoridades das ações ambientais.

O Brasil foi o país que mais sofreu perda florestal no mundo todo desde que a Global Forest Watch começou a realizar esse levantamento. Enquanto houve uma diminuição no ano passado em relação ao desmatamento recorde que ocorreu em 2016, os números de 2017 ainda são os segundos mais altos da história.

Mais de um quarto das perdas de árvores no Brasil em 2017 foi devido a incêndios deliberadamente causados por humanos para limpar a terra.

No resto do mundo

Outras nações importantes, como Colômbia e República Democrática do Congo, também sofreram perdas recordes.

A Colômbia é um centro global para a biodiversidade, mas as perdas aumentaram 46% em 2017. A Farc, o maior grupo rebelde do país, anteriormente controlava grande parte do território amazônico colombiano, bloqueando o acesso à floresta. A desmobilização dessas forças armadas rebeles deixou um vácuo de poder e o desmatamento ilegal para gado, extração de madeira e produção de cocaína dispararam.

A boa notícia é que, na Indonésia, o desmatamento caiu 60% em 2017. Foi um ano úmido para o país, o que diminuiu as perdas por incêndios. Uma maior proteção do governo às florestas de turfa também entrou em vigor.

Consequências

As perdas florestais são um grande contribuinte para as emissões de carbono que impulsionam o aquecimento global. Seu efeito é quase o mesmo que o total de emissões dos EUA, que é o segundo maior poluidor do mundo.

O desmatamento destrói o habitat da vida selvagem e é uma das principais razões para as populações de animais selvagens terem caído pela metade nos últimos 40 anos, iniciando uma sexta extinção em massa.

Enquanto apenas 2% do financiamento para a ação climática vai para a proteção de florestas, estas têm o potencial de fornecer um terço dos cortes de emissões globais necessários até 2030. “É realmente uma questão urgente que devia estar recebendo mais atenção”, explicou Frances Seymour, do World Resources Institute, que produz o Global Forest Watch ao lado de colaboradores.

É nossa culpa

De acordo com as informações coletadas pela pesquisa, a destruição humana causa virtualmente todo o desflorestamento nos trópicos.

“A principal razão pela qual as florestas tropicais estão desaparecendo não é um mistério – vastas áreas continuam sendo desmatadas para soja, carne bovina, óleo de palma, madeira e outras commodities comercializadas globalmente”, disse Seymour. “Grande parte é ilegal e ligada à corrupção”.

Os incêndios são dominantes em latitudes mais altas, causando cerca de dois terços das perdas na Rússia e no Canadá, e podem estar se tornando mais comuns devido à mudança climática.

Novas florestas estão sendo cultivadas na China e na Índia, por exemplo, mas a extensão exata em que elas compensam a destruição das florestas já existentes ainda é desconhecida. Por enquanto, o que está claro é que o desmatamento excede significativamente o reflorestamento.

Estima-se que apenas cerca de 15% das florestas que provavelmente existiam antes da civilização humana permaneçam intactas hoje. Um quarto foi destruído e o resto fragmentado ou degradado.

Não é só o meio ambiente que sofre

A destruição das árvores não prejudica apenas o meio ambiente. “Junto com essa violência contra a Terra, há uma crescente violência contra as pessoas que defendem essas florestas”, disse Victoria Tauli-Corpuz, relatora especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas.

De acordo com Tauli-Corpuz, metade dos 197 defensores ambientais mortos em 2017 eram de grupos indígenas.

“Os povos indígenas há muito administram as florestas do mundo que são cruciais para a luta contra as mudanças climáticas”, completou. “Os novos dados mostram que a taxa de perda de cobertura de árvores é menos da metade em terras comunitárias e indígenas, em comparação com outros lugares”

Fonte: Natasha Romanzoti. Hypescience

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