A escola é o melhor ambiente para colocar em prática questões ecológicas. A educação ambiental trás ferramentas importantes para tratar os temas atuais como desmatamento, poluição, a questão do lixo, alimentação saudável e a escola, nesse contexto pode ser o exemplo de renovação que a sociedade necessita. Separamos dez práticas que uma escola deve incorporar para se tornar sustentável:
1 Reciclagem
A primeira lição sobre sustentabilidade está no descarte de materiais recicláveis. Várias escolas já vem instalando lixeiras coloridas para cada tipo de materiais: vidro, plástico, metal e papel. Mas nem sempre a sinalização é respeitada. O tema da reciclagem deve estar acompanhada de treinamentos, tanto para alunos como para funcionários, abordando a cadeia dos materiais recicláveis e destacando a importância da segregação na fonte entre orgânicos, recicláveis e rejeitos. Outro fator importante é o controle sobre os materiais gerados na escola através de relatórios apresentados pelo fornecedor de coleta. Dessa forma será mais fácil realizar o próximo item, que é reduzir e não gerar tantas embalagens.
2. Reduzir e não gerar
Você já deve ter ouvido falar nos outros R’s alem da reciclagem: repensar, recusar, reduzir e reutilizar. Os Rs são ferramentas poderosas para educação ambiental e também podem ser incorporados na rotina da administração escolar. Uma vez que sabemos o quanto geramos de recicláveis é possível identificar onde pode haver reduções. Esse princípio é chamado de não geração. Podemos repensar alguns hábitos de compra e recusar embalagens desnecessárias. São comuns as atividades lúdicas de reutilização como fazer brinquedos com materiais recicláveis, mas é importante enfatizar a reutilização como conceito. Boas práticas como o uso de canecas individuais ao invés de copos descartáveis geram grande impacto no meio ambiente e na formação para cidadania dos alunos.
3. Compostagem
A compostagem escolar é o processo de decomposição da matéria orgânica gerada na escola em local e condições adequadas. Os resíduos orgânicos gerados principalmente na lanchonete e na cantina, ao serem compostados se transformam em adubo que pode ser usado na horta e nos jardins. A compostagem institucional é extremamente didática para tratar do ciclo da matéria orgânica e os alunos poderão ver esse processo acontecendo na prática.
4. Horta
Criar e manter uma horta na escola é uma ação que trás grandes impactos na formação dos alunos. É possível interligar quase todas as disciplinas ao ato de produzir alimentos, temperos e ervas medicinais. A observação da natureza na prática reforça as lições dos livros didáticos e conteúdos digitais. É uma experiência inspiradora para produzir textos, identificar cronogramas de plantio, elementos históricos da alimentação e abordar temas como hidrografia, vegetação, relevo, nutrição, vida do solo etc. Pra começar é interessante aplicar o conceito das Plantas Alimentícias Não Convencionais as PANCs, que são mais fáceis de cuidar pois já são mais adaptadas ao ambiente. A prática de assistir e cuidar das plantas alimentícias também incentiva uma alimentação saudável.
5. Economia de energia
Estamos observando uma digitalização dos processos educativos. A tecnologia que vem transformando a forma de ensinar também exige um consumo maior de energia elétrica. É importante pensar em formas de não desperdiçar energia como otimizar as configurações de maquinas e equipamentos para que não fiquem ligadas enquanto não estão em uso. O uso de lampadas eficientes e otimizar a luz solar também são ações que podem ajudar na iluminação das salas. Outra ação educativa e econômica é a implementação de fontes de energias renováveis como a fotovoltaica, a famosa energia solar que também trás autonomia energética e redução da conta de luz.
6. Paisagismo Funcional
Uma escola sustentável preza pela conexão com a natureza. A utilização de plantas para deixar o ambiente mais fresco, melhorar a qualidade do ar e fazer a drenagem sustentável do solo trás muitas lições. Os alunos começam a entender quais as espécies são adequadas para cada tipo de ambiente. As plantas podem estar conectadas a infraestrutura garantindo a limpeza natural da água e do ar qualificando o conforto do ambiente.
7. Economia de água e captação de água de chuva
A valorização da água como recurso e a consciência da escassez é fundamental para formar cidadãos atentos numa escola sustentável. A crise hídrica, o sistema de abastecimento de água, a canalização dos rios urbanos e a obstrução de nascentes são temas a serem incorporados no plano pedagógico. A sinalização nas torneiras e bebedouros reforçam a necessidade de usar com prudencia esse precioso recurso. O sistema de captação de água de chuva dispensa a necessidade de utilizar parte dos recursos de abastecimento e garante parte de autofinanciando de água. Em grandes cidades a poluição faz com que seja impropria para uso, podendo ser utilizada no sistema de saneamento ou para irrigação de jardins.
8. Caronas para reduzir poluentes
Muitos pais precisam de carro para levar os filho para a escola e a poluição gerada nesse trajeto em muitos casos é inevitável. Um sistema de caronas articulando as famílias que moram próximas diminui bastante as emissões de gases efeito estufa, incentiva a socialização entre alunos e pais de alunos e otimiza o tempo dos pais.
9. Optar por produtos naturais
A limpeza dos ambientes quando utilizamos produtos industrializados pode ser prejudicial a saúde de equipe de limpeza e todos que frequentam a escola. Os produtos de limpeza industrializados também contribuem para a poluição do lençol freático. Utilizar produtos naturais como vinagre, sabão de coco e bicarbonato de sódio tem ações antibactericidas e esterilizadoras tão eficientes quanto os produtos industrializados, mas não oferecem riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Existem linhas de produtos de limpeza naturais especializadas. Vale a pena pesquisar qual é a solução mais interessante para cada escola.
10. Educação ambiental agentes multiplicadores
Como já foi dito a educação ambiental e interdisciplinar. Linguagem, ciências da natureza, ciências exatas… todas se complementam para a educação em uma perspectiva ecológica. Tratar a educação ambiental como uma disciplina integradora ou introduzir conceitos ambientais nas diversas disciplinas é um fator determinante para definir se uma escola é ou não sustentável. A formação de alunos que se preocupam com o futuro do planeta faz com que se tornem agentes multiplicadores e agente ativos na transformação social que tanto desejamos. Uma Escola Sustentável é possível, com planejamento e integração de toda a comunidade escolar.
Algumas escolas já estão caminhando na direção da sustentabilidade! Leve essas sugestões para a escola do seu filho. Converse sobre a possibilidade de implementar uma ou mais ações. Veja que legal o exemplo da Escola Estadual Fernão Dias Paes: a escola está fazendo compostagem e em breve terá uma horta para trazer mais nutrientes para as refeições dos alunos.
Conheça a campanha SOU RESÍDUO ZERO que visa transformar escolas, famílias, empresas e organizações a transformarem a ralação com os resíduos. Vamos juntos transformar a educação e construir mais Escolas Sustentáveis?
Por Marina Teles
Gestora de projetos socioambientais e educadora ambiental