Documentário Piripkura é exibido no Festival do Rio

Esta notícia está associada ao Programa: Povos Indígenas no Brasil

Longa-metragem traz a história de dois indígenas nômades que sobrevivem em em seu território, cercados por fazendas e madeireiros e será exibido neste final de semana

São Paulo, setembro de 2017 – Nos dias 7, 8 e 9 de outubro, o documentário Piripkura, dirigido por Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Jorge, estreia, na Première Brasil, Festival do Rio, um dos principais eventos de cinema do Brasil. As exibições acontecem no Cinépolis Lagoon, Cine Odeon e Kinoplex São Luiz em diferentes horários e, no dia 08 de outubro, haverá um debate após a exibição com a presença dos diretores e representantes de movimentos que atuam pelo reconhecimento e defesa dos direitos dos povos indígenas.

Pakyî e Tamandua são dois indígenas nômades, do povo Piripkura, que vivem com um facão, um machado cego e uma tocha, e sobrevivem cercados por fazendas e madeireiros numa área protegida no meio da floresta amazônica. O documentário apresenta as expedições periódicas de Jair Condor, coordenador da Funai que acompanha Pakyî e Tamandua desde 1989. Rita, a terceira sobrevivente Piripkura que se tem notícia, embarca com Jair em algumas expedições para monitorar vestígios que comprovem a presença deles na floresta e, assim, garantir a proteção do território habitado por eles. Piripkura aborda as consequências de uma tragédia e revela a força, resiliência e autonomia daqueles que foram expostos a todo tipo de ameaças e têm resistido ao contato.

O documentário surgiu do encontro das diretoras com Jair Candor, um dos personagens principais do filme. Eles se conheceram quando foram documentar um processo de capacitação promovido pela Funai, para a formação de novos servidores para trabalhar nas Frentes de Proteção Etnoambientais, em diferentes regiões da Amazônia. Nesse encontro, o Sr. Jair, coordenador de uma das frentes onde estão as Terras Indígenas Piripkura e Kawahiva do Rio Pardo, contou sua trajetória junto aos Piripkura e manifestou o sonho em fazer um registro desta história.

“O cinema é um lugar de encontro e também de resistência. Conhecer a capacidade de sobrevivência e plenitude de Rita, Pakyî e Tamandua, apesar da tragédia que atravessa a história do seu povo, nos faz questionar aspectos profundos sobre nossa forma de estar no mundo”, descreve Mariana Oliva.

Atualidade

Filmado há mais de um ano, o documentário mostra-se bastante atual no momento em que está em curso uma investigação sobre o possível massacre de índios na TI Vale do Javari, no Estado do Amazonas, região com o maior conjunto de povos isolados no mundo.

Existem 113 registros de grupos indígenas isolados na Amazônia, o esforço da Funai até o momento possibilitou confirmar até o momento 26 povos isolados. As Frentes de Proteção vem enfrentando sérios problemas para atuar diante dos cortes orçamentários impostos pelo Governo Federal. O cenário é preocupante, marcado pelo aumento de invasões – o que se agrava pela ameaça de fechamento de outras frentes.

“Esperamos que o filme possa estimular a discussão sobre o direito destes povos originários de existirem em paz no território que sempre foi deles. E que essa outra forma de viver e se relacionar com a floresta seja respeitada e perdure como outro paradigma do que é estar neste mundo”, diz Renata Terra.

O filme estreia no Festival do Rio no dia 7 de outubro, sábado, no Cine Lagoon, às 16h45. No dia seguinte, domingo, a sessão acontece pela manhã, às 10h, no Cine Odeon e, em seguida, haverá um debate com a presença de Tica Minami (Greenpeace), Sonia Guajajara (Apib – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Conrado Otávio (CTI), Instituto República e dos diretores do filme. A última exibição será dia 9, segunda-feira, no Kinoplex São Luiz, às 14h30.

Se por um lado o filme aborda a violência contra os Piripkura e as constantes ameaças ao seu território, por outro, traz um retrato da relação comovente de resiliência e afeto: “A recusa de Pakyî e Tamandua em interagir mais de perto com nossa organização social é também a renúncia da possibilidade de viver dentro de uma compreensão limitada do tempo. E isso só deve nos instigar a pensar no que exatamente estamos fazendo com ele”, diz Bruno Jorge.

Produzido pela Zeza Filmes com produção associada da Maria Farinha Filmes e Grifa Filmes, o documentário também faz parte da rede de apoiadores das campanhas 342 Pela Amazônia, Todos Pela Amazônia, liderado pelo Greenpeace, que juntos reuniram 1,5 milhão de assinaturas em defesa da Amazônia e contra extinção da Renca (. E também apoia o movimento global Believe.Earth, por acreditarmos na urgência de construção coletiva de um futuro melhor, próspero, possível e sustentável.

Piripkura @Festival do Rio

7 de outubro, sábado
Local: Cinépolis Lagoon – Av. Borges de Medeiros, 1424 – Leblon
Horário: 16h45

8 de outubro, domingo
Local: Cine Odeon – Praça Floriano, 7 – Centro
Horário: 10h e debate após exibição

9 de outubro, segunda-feira
Local: Kinoplex São Luiz – R. do Catete, 311 – Catete
Horário: 14h30

 

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