Em reunião com governadores para tratar de Amazônia, Bolsonaro critica demarcação de terras indígenas

Na reunião desta terça-feira (27) com governadores de estados que compõem a Amazônia Legal, o presidente Jair Bolsonaro criticou a política de governos anteriores para demarcação de terras indígenas, quilombolas e áreas de preservação ambiental (assista no vídeo acima).

“Com todo respeito aos que me antecederam, foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado no tocante a isso, usando o índio como massa de manobra”, afirmou o presidente no encontro, promovido no Palácio do Planalto para debater queimadas na região.

“Muitas reservas têm o aspecto estratégico, que alguém programou. O índio não faz lobby, não fala a nossa língua e consegue hoje em dia ter 14% do território nacional. Vou fazer, no final, breve histórico disso, mas uma das intenções é nos inviabilizar.”

Bolsonaro também disse: “A Amazônia não vou dizer que ficou esquecida. Ela foi é usada, politicamente, acho que desde [o governo Fernando] Collor de Mello, mais ou menos – tá certo? – pra cá”.

Para o presidente “essa questão ambiental tem que ser conduzida com racionalidade, e não com essa quase que selvageria, como foi conduzida ao longo dos últimos governos”. “E o problema, né?, a febre agora está chegando aqui, batendo bastante alto no governo atual.”

Na reunião, os governadores presentes defenderam a ajuda oferecida por outros países para combater os incêndios e preservar a floresta.

Bolsonaro, por sua vez, respondeu que o uso de ajuda internacional cobra um preço. Segundo ele, os países dispostos a ajudar exigem demarcações de terras indígenas e áreas de preservação ambiental – o que, na visão do presidente, prejudica a soberania nacional.

“Em grande parte, o dinheiro vem de fora do Brasil, isso tem um preço: demarcação de terras indígenas, APAs [áreas de proteção ambiental], quilombolas, parques nacionais etc. Isso leva a um destino que nós já sabemos, insolvência do Brasil. Vamos ter que enfrentar essa questão de qualquer maneira”, afirmou Bolsonaro.

A crise com relação ao desmatamento e às queimadas na Amazônia agravou-se neste mês. Uma das principais vozes a se levantar contra a política ambiental do governo brasileiro foi o presidente da França, Emmanuel Macron. Ele e Bolsonaro têm trocado farpas em entrevistas e declarações públicas

Como resposta às críticas recebidas por líderes estrangeiros, sociedade civil e celebridades, Bolsonaro autorizou o uso das Forças Armadas no combate aos incêndios nos nove estados da Amazônia Legal. O presidente tem afirmado que países estrangeiros têm interesse na Amazônia em razão das riquezas da região e que o Brasil deve preservar sua soberania no local.

Na semana passada, também chegou a dizer, sem apresentar provas, que organizações não-governamentais (ONGs) eram responsáveis pelas queimadas.

Veja, abaixo, um resumo da crise na Amazônia:

  • Em 10 de agosto, a Alemanha sustou um financiamento de 35 milhões de euros para ações de proteção à floresta;
  • No dia seguinte, o presidente Jair Bolsonaro disse que não precisava de dinheiro da Alemanha;
  • Em 15 de agosto, a Noruega suspendeu as contribuições para o Fundo Amazônia em razão do aumento do desmatamento;
  • Em 26 de agosto, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou a oferta de US$ 20 milhões por parte do G7 (grupo de sete países que estão entre as principais economias do mundo) para ajuda emergencial de combate às queimadas na Amazônia;
  • O ministro Onyx Lorenzoni afirmou que o Brasil recusaria a oferta de US$ 20 milhões do G7;
  • Em 27 de agosto, Bolsonaro impôs condições para voltar a discutir o assunto, dizendo que Macron terá de retirar “insultos”;
  • O presidente também afirmou que ninguém é contra dialogar com a França

Fonte: G1

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