FAO debate papel das leguminosas na produção sustentável de alimentos do Brasil

Fonte: ONU Br

Evento sobre leguminosas e sustentabilidade na agricultura aconteceu em Goiás. No estado, 1,7 mil propriedades rurais têm uma renda estimada em 658,3 salários mínimos por mês, enquanto outras 90 mil fazendas de pequenos produtores geram renda mensal de até 4,7 salários, segundo dados da EMATER.

Em Santo Antônio de Goiás, na última sexta-feira (7), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e parceiros reuniram especialistas, produtores rurais e estudantes a fim de debater a importância das leguminosas para a produção e o consumo sustentáveis de alimentos no Brasil.

“As leguminosas possuem inúmeros benefícios nutricionais que, aliados a uma dieta saudável, previnem doenças que atualmente atingem milhares de pessoas em todo o mundo. Além disso, a produção sustentável de grãos de leguminosas pode contribuir no enfrentamento às mudanças climáticas”, ressaltou o representante da agência da ONU, Gustavo Chianca, durante a abertura do evento.

A FAO declarou 2016 como Ano Internacional dessa categoria de vegetais que podem, segundo o organismo internacional, assegurar uma alimentação saudável e contribuir para o combate à fome.

Chianca lembrou que enquanto partes da África e da Ásia ainda lidam com problemas associados à escassez de alimentos, populações das Américas são afetadas por uma epidemia de sobrepeso e obesidade, ao mesmo tempo em que registram altas taxas de desperdício de comida.

Também presente no simpósio “Sustentabilidade na produção das leguminosas de grãos alimentícios no Brasil”, o consultor do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), Marcelo Eduardo Lüders, destacou o potencial do Brasil como um país exportador de grãos que poderão ser vendidos principalmente para a China e Índia nos próximos anos.

“Só a China e a Índia, juntas, têm uma demanda, a mais, de importação de leguminosas na ordem de 410 milhões de toneladas para os próximos 10 anos”, disse.

Desigualdade no meio rural de Goiás

O perfil e a situação socioeconômica dos diferentes grupos de agricultores de Goiás foram apresentados no encontro pelo presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) do estado, Pedro Arraes.

Segundo levantamento realizado por técnicos do organismo — que utilizaram, entre outras fontes, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) —, existem em Goiás cerca de 90 mil pequenas propriedades rurais com renda em torno de até 4,7 salários mínimos por mês. Elas representam 79,1% das fazendas do estado.

No outro extremo, aproximadamente 1,7 mil propriedades — quase 2% do total — contam com uma renda estimada em 658,3 salários mínimos por mês.

Segundo Arraes, institutos de pesquisas e o poder público devem desenvolver políticas que incluam os agricultores em sistemas produtivos e em iniciativas do governo federal, como por exemplo, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

O evento em Santo Antônio de Goiás foi organizado pela Embrapa Arroz e Feijão em parceria com a FAO e a EMATER. O simpósio é parte das atividades programadas pela agência das Nações Unidas para o Ano Internacional das Leguminosas.

 

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