Fonte: GHG Protocol
Depois de fechado o Acordo de Paris, em dezembro, mais corporações no Brasil estão interessadas em fazer inventários de suas emissões. Em 2015, um grupo de 136 grandes empresas emitiu quase 100 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2 e), a medida que padroniza os gases-estufa pelo gás carbônico.
Trata-se da metodologia mais usada no mundo na produção de inventários de emissões. O GHG Protocol foi criado em 1998 pelo World Resources Institute (WRI), baseado em Washington, e World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). No Brasil, a metodologia foi adaptada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV-GVces).
Em 2015, o número de empresas que abriram seus inventários foi 2% maior do que na edição anterior. Vinte novas empresas entraram no grupo, enquanto 17 saíram. A explicação para a saída são os cortes de custos em função da crise econômica. Em 2012 a Petrobras decidiu sair, o que fez as emissões totais despencarem.
Pelo movimento das empresas, de aderir ou deixar o programa, a leitura dos dados não é direta. Em 2015 as emissões diretas cresceram 38,4% em relação ao ano anterior. “O que aumentou foi o volume reportado no sistema, há mais empresas dentro da plataforma”, alerta Aron Belinky, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade. “A boa notícia é que uma parte maior das emissões, em números absolutos, está sendo gerenciada com este nível de transparência.”
As empresas da edição atual respondem por 9% das emissões do País em uma soma que exclui as emissões por desmatamento. “Essas empresas têm um potencial de transformação muito grande”, diz George Magalhães, gestor do Programa Brasileiro GHG Protocol do Gvces. “São importantes para direcionar a economia para o baixo carbono.”
As 136 empresas estão inseridas em 18 setores econômicos. O maior grupo, e também maior emissor, é o das indústrias de transformação (48), seguida pelo setor financeiro e de seguros (15 organizações) e eletricidade e gás (12 empresas).
A declaração de emissões das empresas é feita de forma voluntária. “Torna-se algo robusto e é uma preparação para o momento em que a iniciativa se tornar regulada”, segue Belinky. “Essas empresas estão se preparando para dar este passo.”
O passo, no caso, é o momento em que o governo criar um mercado de créditos de carbono, iniciativa que há anos vem sendo maturada no Ministério da Fazenda.
Na passagem de 2014 para 2015, a Vale, maior emissora de gás-estufa da listagem do GHG Protocol brasileiro, viu suas emissões diretas aumentarem 4%. Em seu relatório de sustentabilidade, a mineradora atribui a elevação à incorporação das emissões da mina de cobre de Salobo (cobre) e à maior produção de pelotas de níquel. Como forma de compensação, a Vale tem um plano de metas para reduzir as emissões até 2020. Entre as medidas de mitigação está a redução de 74% da queima de gás metano em minas de carvão e troca de óleo combustível por gás natural em suas unidades.
As emissões da CSN caíram 2,9%, para 2,112 milhões tCO2e. A empresa informou que a recessão econômica não contribuiu para essa redução, já que a queda da demanda interna foi substituída por aumento das exportações de aço e elevação da produção de minério de ferro e cimento, ambas atividades bastante poluentes. Uma das iniciativas da CSN para mitigar emissões é usar matriz energética diversificada – hidrelétrica e reutilização de gases siderúrgicos para a cogeração de energia.
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