Fonte: EBC
O Dia Mundial sem Carro, celebrado nesta terça-feira (22), repercute o debate sobre mobilidade urbana que atinge a população de diversas regiões do Brasil. Com a opção massiva pelo automóvel, o trânsito nas grandes cidades ultrapassa os limites para locomoção e o transporte por meio de bicicletas passa a figurar como bandeira de grupos que defendem o direito de ir e vir.
Para Renata Florentino, coordenadora da ONG da Rodas da Paz, é necessário repensar o desenho urbano para buscar cidades mais humanizadas. Nesse contexto, a destinação do espaço viário para bicicletas seria fundamental para a democratização das vias públicas e o desenvolvimento de um transporte sustentável.
Diante das necessidades, o uso da bicicleta é visto não apenas como recreação, mas como opção de locomoção. O movimento para fortalecer a bicicleta como alternativa, por sua vez, começa, na maioria das vezes, com a simples organização de grupos de “pedal” para incentivar a prática.
O Pedala Manaus, na capital do Amazonas, é uma dessas iniciativas que, a princípio, tinha o objetivo de reunir amigos. A ideia cresceu e acabou se transformando em um centro de promoção da bicicleta como meio de transporte. Claudia Oliveira, uma das coordenadoras do grupo, afirma que o “grupo ainda promove passeios noturnos, mas também realiza atividades educativas e interlocução com o poder público”.
História
A organização dos grupos de ciclistas foi inspirada passeios de bicicletas conhecidos como “critical mass”, “massa crítica” ou, como ficaram conhecidas, “bicicletadas”. Lançado nos Estados Unidos, na década 1990, e em expansão no Brasil na década de 2000, o movimento busca um novo modelo de cidades baseado nas pessoas e não em carros.
A conscientização da população refletiu na elaboração de políticas públicas voltadas para a mudança no trânsito. Renata Florentino aponta que a própria legislação obrigou as cidades a se organizarem por meio de Planos Diretores de Mobilidade Urbana. “Hoje existe até uma disputa entre cidades para ver qual faz mais ciclovias”, destaca a ativista.
A coordenadora do Pedala Manaus, Cláudia Oliveira, acredita que a criação de infraestrutura viária vêm resultando no aumento da demanda para o uso da bicicleta. Porém, a também ativista Renata Florentino lembra que ainda é preciso avançar na construção de ciclofaixas, ciclovias e favorecer a moderação do tráfego, com a diminuição dos limites de velocidades nas vias, como o que está ocorrendo em São Paulo.
Aprendendo a pedalar
Para quem tem vontade de aprender a andar de bicicleta, uma opção é o projeto Bike Anjo, que surgiu em São Paulo no ano de 2010 e está presente em 250 cidades do Brasil. Ao contrário da maioria dos clubes de pedais, o Bike Anjo não organiza encontros e sim aulas. “A gente utiliza uma metodologia prática. Quem pratica já o faz em cima da bicicleta”, conta Anderson passos, voluntário do Bike Anjo no Distrito Federal.
Anderson aponta que após a pessoa aprender a pedalar e a se movimentar com segurança nas cidades (cerca de 350 pessoas se formaram com o Bike Anjo no DF), são indicados clubes para realização de passeios. “Depois que a pessoa aprende, acreditamos que há impacto na qualidade de vida da pessoa e na cidade. As bicicletas deixam as ruas mais humanas”, diz. Para Claudia Oliveira, o uso da bicicleta remete ao lado lúdico da infância. “Quem passa a usar a bicicleta (como meio de transporte), não consegue ficar mais ficar dentro de um carro”, conclui.