Cerca de 539 organizações realizaram o registro público de 986 inventários de emissões de gases de efeito estufa (GEE), um record histórico. Isso significa que essas empresas quantificaram suas emissões de carbono e tornaram as informações públicas através da plataforma do Registro Público de Emissões (RPE), do Programa Brasileiro GHG Protocol.
Destaque também para o crescimento de organizações declarantes de 77% em três anos e 24% em relação ao ano anterior. Os resultados do Ciclo 2024 foram apresentados em evento realizado no Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces), que contou com a presença da Eccaplan.
“É importante celebrar o aumento do número de empresas participando do registro público, porém, frente ao número de empresas que temos no Brasil, essa quantidade poderia ser ainda mais expressiva” comenta a Head de Operações da Eccaplan, Natalia Buchwitz. “Outro ponto importante para destacar é que 50% dessas organizações possuem metas voluntárias de redução de emissões” complementa Natalia.
Entenda o Registro Público de Emissões (RPE)
O Registro Público de Emissões (RPE) é a maior base pública de dados de inventários de emissões de GEE corporativos da América Latina, com mais de 5.770 inventários disponíveis. Trata-se de uma plataforma que oferece acesso transparente aos inventários das empresas, permitindo que qualquer público de interesse tenha acesso a esses dados e possibilitando realizar benchmarks setoriais.
A iniciativa faz parte do Programa Brasileiro GHG Protocol coordenado pelo FGVces e se consolidou como uma ferramenta vital para a divulgação de dados de emissão, fonte valiosa de informações que apoiam a formulação de políticas públicas e fundamental para a construção de uma economia de baixo carbono no Brasil.
Reconhecimento Selo Ouro
O programa classifica as organizações em três níveis de reconhecimento: Ouro, Prata, e Bronze, com base no nível de abrangência e verificação de seus inventários. Aquelas que têm seus inventários verificados por uma terceira parte, independente, podem obter maior reconhecimento, como o Selo Ouro.
Foi o caso da RL Higiene, empresa que realizou o inventário de emissões com o suporte especializado da Eccaplan e conquistou o mais alto reconhecimento concedido pelo programa.
Crescimento e Resultados do Ciclo 2024
Os 986 inventários publicados foram gerados por 539 organizações que participaram do Ciclo 2024, reportando dados relativos à 2023. O crescimento do número de organizações participantes foi de 77% em três anos e 24% em relação ao ano anterior. O setor industrial liderou esse crescimento em quantidade, com 152 organizações, enquanto o setor agropecuário registrou o maior aumento percentual, de 38%.
Conheça os principais números por escopo:
- Escopo 1: 200 milhões de toneladas de CO2eq declaradas. Aqui estão as emissões dos processos internos ou controlados diretamente pelas organizações. As emissões declaradas na categoria de Processos Industriais, dentro desse escopo, representam cerca de 90% das emissões nacionais para essa fonte.
- Escopo 2: cerca de 5 milhões de toneladas de CO2eq declaradas, provenientes da geração de energia elétrica e térmica, e que representam 25% do consumo nacional de eletricidade.
- Escopo 3: 1 bilhão de toneladas de CO2eq, cerca de 5x maior que o escopo 1. Essas emissões são referentes às fontes indiretas que não são de propriedade ou controle da organização, como a cadeia de suprimentos e pós-uso.
Escopo 3 e Demandas Externas
O Escopo 3 ganhou destaque no Ciclo 2024, especialmente em setores que enfrentam pressões externas, como demandas de clientes e órgãos públicos. Cerca de 82% das organizações relataram o Escopo 3, um aumento de 28% em relação ao ano anterior, mostrando que a cadeia de valor está cada vez mais integrada nas práticas de sustentabilidade das empresas.
“Um destaque do evento foi o crescimento da importância, e a exigência, da realização do escopo 3 nos inventários de emissões a partir de demandas externas. Um escopo 3 robusto facilita a criação de metas, redução de emissões e reporte de resultados para stakeholders” comenta Pedro Iequer, consultor de mudanças climáticas da Eccaplan.
Do total de inventários com o escopo 3, 72% contemplaram a categoria de viagens a negócios, 63% resíduos gerados nas operações, 50% transporte e distribuição e 55% deslocamentos casa-trabalho.
Motivações e Desafios na Gestão de Emissões
Uma pesquisa qualitativa revelou as principais motivações e desafios das organizações participantes no que diz respeito à gestão de emissões de GEE. As empresas enfrentam obstáculos na redução de suas pegadas de carbono, mas estão cada vez mais comprometidas em mitigar suas emissões, com um número crescente buscando o status “net-zero”.
O estudo mostrou que mais de 50% das empresas possuem metas voluntárias de mitigação, evidenciando um movimento crescente para a sustentabilidade corporativa.
Avanços na Transparência e Comunicação de Metas de Mitigação
A transparência e a comunicação clara das metas de mitigação foram temas centrais no evento. O Programa destacou a importância de uma comunicação eficaz para garantir que as ações das empresas sejam compreendidas e valorizadas por stakeholders. Um documento síntese foi produzido para orientar as empresas a aprimorarem sua transparência na divulgação de metas.
Boas Práticas e Inovações
Durante o evento, 12 empresas de diferentes setores compartilharam suas boas práticas em áreas como governança corporativa, gestão de emissões na cadeia de valor (Escopo 3) e automatização da coleta de dados.
As empresas foram divididas em quatro salas simultâneas, as organizações de diferentes setores compartilharam suas experiências sobre:
- Governança corporativa para gestão das emissões: Estratégias e estruturas que facilitam a liderança e a responsabilidade na gestão de GEE.
- Atuação na cadeia de valor (Escopo 3): Desafios e soluções para mapear e reduzir emissões ao longo da cadeia de valor.
- Avanços no cálculo de emissões: Inovações e melhorias nas metodologias para calcular com precisão as emissões de GEE.
- Automatização da coleta de dados: Ferramentas e tecnologias que estão simplificando e automatizando a coleta de dados sobre emissões, tornando o processo mais eficiente e confiável.
Casos como os da JBS, que padronizou metodologias para suas 150 unidades, e da Natura/Avon, que avançou na coleta de dados de Escopo 3, foram destaque. Empresas como Hypera Pharma e Americanas S.A. demonstraram como a automatização da coleta de dados está melhorando a eficiência no monitoramento de emissões.
Impacto do GHG Protocol na Sustentabilidade Empresarial
O crescimento recorde do Programa GHG Protocol reflete a importância dos inventários de emissões e da gestão ambiental nas empresas. Esses sistemas não apenas ajudam a reduzir o impacto ambiental, mas também contribuem para o cumprimento de metas de sustentabilidade global.
O evento reforçou a importância da integração entre práticas de sustentabilidade e o uso de tecnologias avançadas para monitorar emissões, tornando as empresas mais competitivas e preparadas para o futuro.
Os dados coletados no inventário de emissões podem ser integrados a outras importantes iniciativas de sustentabilidade, como o Carbon Disclosure Project (CDP), o Global Reporting Initiative (GRI), o Índice Carbono Eficiente (ICO2), o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), e o Dow Jones Sustainability Index (DJSI). Essa integração amplia o impacto das ações da empresa e reforça seu compromisso com a transparência e a sustentabilidade.
Caminho para a Economia de Baixo Carbono
A adoção do GHG Protocol é essencial para qualquer organização que deseja se destacar no mercado. Além de possibilitar uma compreensão mais profunda das emissões de GEE, ele auxilia na criação de estratégias eficazes de redução, promovendo uma maior transparência para stakeholders como investidores e clientes.
A Eccaplan está pronta para apoiar sua empresa na elaboração de inventários precisos e na implementação de sistemas de gestão ambiental, ajudando a guiar sua jornada rumo a uma economia de baixo carbono e alinhada com as melhores práticas ESG.