Fonte: Envolverde
Participação global na matriz deve subir 42%, superando previsão anterior, diz Agência Internacional de Energia; crescimento, porém, ainda não está alinhado com meta do Acordo de Paris.
A AIE (Agência Internacional de Energia) afirmou nesta terça-feira (25) que o crescimento de energias renováveis irá superar significativamente as previsões anteriores para os próximos cinco anos: as fontes renováveis seguirão com o maior crescimento em geração de eletricidade, com uma participação que deve evoluir de 23% em 2015 para 28% em 2021. Em 2015, elas ultrapassaram o carvão como maior fonte de capacidade instalada no planeta.
A capacidade global em energia renovável (que inclui geração de eletricidade, transportes e aquecimento) deverá subir em 42%, ou 825 gigawatts, durante o período, números 13% maiores do que os estimados pela própria agência em 2015. No ano passado, foram 153 gigawatts gerados, valor maior que a capacidade total instalada do Canadá. A maior parte veio de energia solar e eólica. Em 2015, duas turbinas eólicas foram instaladas por hora apenas na China.
Em seu relatório de médio prazo do mercado de energia, a agência estima que, durante o período, as renováveis devem responder por mais de 60% da energia elétrica adicional instalada globalmente, com níveis diferenciados de acordo com o local. Em nações mais desenvolvidas, a tendência é que os aumentos nessa geração sejam maiores do que o crescimento da demanda por energia, o que contribui para a descarbonização do setor no Reino Unido e EUA, por exemplo. A líder global da expansão, porém, continuará sendo a China, que representa aproximados 40% do crescimento, devido a preocupações com a poluição do ar além da questão climática. Em 2015, foram instaladas duas turbinas eólicas por hora no país.
O aumento da taxa esperada de crescimento se dá especialmente por políticas públicas nos Estados Unidos, China, India e México e a uma queda nos custos, que devem diminuir em 25% para a energia solar e 15% para energia eólica em terra. A tendência de queda é explicada pelo avanço da tecnologia, melhores condições de financiamento e a expansão para novos mercados de recursos renováveis. “Estamos testemunhando uma transformação de mercado global e, como em outros campos, o centro de crescimento dos renováveis está migrando para mercados emergentes”, afirmou o diretor-executivo da Agência, Faith Birol.
A agência afirma que o crescimento das renováveis no setor de eletricidade, especialmente a solar fotovoltaica e a eólica, está em linha com as metas climáticas submetidas pelos países no Acordo de Paris. No entanto, esse crescimento ainda não basta para alinhar o mundo com o objetivo global de estabilizar o aquecimento global em menos de 2oC neste século.
“Manter o aumento de temperatura bastante abaixo dos 2ºC exigirá mais políticas para descarbonização e reforço dos recursos renováveis nos três setores: aquecimento, transporte e energia”, aponta o relatório. Especificamente no setor elétrico, medidas adicionais de redução de custos de financiamento em mercados como Brasil, China, EUA, Índia e União Europeia poderiam aumentar em 29% a capacidade de crescimento prevista para o período até 2021, aponta o estudo. No Brasil, as condições macroeconômicas deterioradas são apontadas como principal limitante à aceleração das renováveis.
Para os biocombustíveis, outro setor que interessa ao Brasil, a projeção até 2021 é pouco otimista: sua participação no setor de transportes deve oscilar marginalmente, de 3% em 2015 para 4% em 2021. Em parte, isso se deve à queda do preço do petróleo, que reduziu a atratividade desses combustíveis.
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