Fonte: Programa Cidades Sustentáveis
Um projeto em andamento tem dividido Paris. A via expressa Voie Georges-Pompidou ao longo da margem direita do Rio Sena, onde passavam 43 mil veículos por dia, será espaço para parques infantis, restaurantes e até canchas de bocha.
A região já ficava aberta às pessoas em todos os verões para o Paris Plages, época em que praias artificiais temporárias são criadas na margem do rio. No entanto, dessa vez, a ideia é que permaneça sem a circulação de veículos por um ano.
A proposta foi votada e aprovada pelo Conselho Municipal de Paris e é a mais recente no combate à poluição do ar de Anne Hidalgo, prefeita da cidade, que em janeiro já havia decretado o fim da circulação de carros na Champs-Elysees no primeiro domingo de cada mês.
O motivo para as iniciativas é a necessidade de reduzir as emissões na capital francesa. Em 2014, quando os níveis de poluição ultrapassaram o que é considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde, os motoristas foram incentivados a deixar os carros em casa e se deslocar utilizando o transporte coletivo. Para isso, as tarifas foram reduzidas e a ampla rede de transporte da cidade ofereceu viagens gratuitas durante um fim de semana.
No mesmo sentido, em julho, outra medida entrou em vigor: carros registrados antes de 1997 foram proibidos de circular durante a semana, salvo algumas exceções. Quem for pego dirigindo esses veículos antigos (e mais poluentes) recebe uma multa de alto valor.
Mas o fechamento da Voie Georges-Pompidou, em especial, dividiu opiniões. Christophe Najdovski, prefeito-adjunto de Paris e responsável pela pasta de transporte e espaços públicos, disse ao The Guardian que o projeto está muito ligado à mudança de atitude: “O comportamento irá mudar. Os hábitos irão mudar. E o nosso objetivo, de reduzir o tráfego e, com isso, a poluição, será atingido”. Além disso, Najdovski ressaltou que todos os estudos necessários foram realizados para que a proposta fosse colocada em prática.
Já Pierre Chasseray, da organização 40 Millions d’automobilistes (40 milhões de motoristas), acredita que os argumentos não são válidos. Ele disse à publicação que “a prefeitura quer mudar os hábitos das pessoas à força, mas não estamos em uma ditadura. Em vez de fechar as ruas, eles deveriam encontrar uma forma para que carros e pedestres coexistam”.
Favoráveis a Chasseray, 12 mil assinaturas contrárias ao projeto foram coletadas por uma associação de automóveis. No entanto, uma petição a favor de deixar o espaço para pedestres foi assinada por 19 mil pessoas, e uma pesquisa mostra que 55% dos parisienses são a favor da iniciativa.
Com esse projeto, Paris caminha em direção a uma cidade mais limpa. No Brasil, São Paulo deu o exemplo com a Paulista Aberta, que fecha o trânsito da Avenida Paulista todos os domingos para que as pessoas ocupem o espaço público.
Ao longo do período da consolidação do projeto, inúmeras pesquisas foram realizadas e ajudaram a desmistificar a negativa dos responsáveis pelo comércio, uma vez que os dados levantados por SampaPé e Minha Sampa revelaram que 50% dos comerciantes da avenida eram a favor da abertura a pedestres e ciclistas aos domingos e que apenas 25% eram contrários. A oposição dos hospitais com a abertura – uma alegação comum de quem era contra – é nula, segundo reportagem publicada na Carta Capital.
Após a implantação e o sucesso da ação, uma pesquisa feita em parceria pela Faculdade de Medicina da USP e pela ONG Cidade Ativa avaliou os impactos na poluição sonora e do ar. As medições apontaram que os níveis de poluição do ar e sonora se mantiveram mais baixos nos dias de via aberta ao lazer, bem como houve redução dos níveis de poluentes no domingo quando comparados aos dias de semana.
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