Ir para o conteúdo

Fim do ESG? O futuro da sustentabilidade corporativa

Saiba como o ESG evoluirá para um conceito mais preciso de sustentabilidade corporativa
Fim do ESG ou sua evolução para melhor?

“Fim do ESG? E qual o futuro da sustentabilidade corporativa?”. Em eventos corporativos, conversas entre investidores e nos corredores das empresas, essas perguntas estão constantemente em pauta.

E isso não é por acaso.

O mundo se encontra atualmente em tempos de guerras, incertezas políticas e mudanças de governo em vários países.

Aliadas a isso, há alterações na postura de lideranças, dando a impressão de que o futuro da sustentabilidade e suas ramificações foi deixado em segundo plano.

Entretanto, essa percepção não se baseia em meros palpites.

Mudanças aceleradas

Desde a segunda metade de 2024, gigantes de muitos setores reduziram significativamente seu apoio a propostas e projetos voltados para conservação ambiental, diversidade e inclusão. 

Por sua vez, o mercado financeiro parece seguir a mesma tendência: o CFA Institute, responsável pela certificação em investimentos ESG, abandonou a sigla e adotou o título “Certificado de Investimento Sustentável”.

Diante dessas mudanças, surge a pergunta: estamos, de fato, presenciando o “fim” da agenda ESG?

Para responder a essa questão, é preciso analisar o cenário atual da sigla em escala global, bem como no Brasil.

Palestras e treinamentos ESG oferecidos pela Eccaplan

Nem à esquerda, nem à direita: sustentabilidade para todos

Os detratores do ESG, ou greenlashers, alegam que a agenda estaria a serviço de ideologias políticas específicas. 

Nesse sentido, um exemplo emblemático é o de Larry Fink, CEO da BlackRock e um dos pioneiros na aplicação e defesa desses princípios.

No entanto, em 2023, Fink já havia declarado que abandonaria o acrônimo “ESG”, justificando que o conceito central tinha se transformado “em uma arma política”.

Apesar disso, o executivo ressalta que não mudou sua posição sobre os fundamentos da agenda, mas sim reformulou sua abordagem e objetivos para evitar polarizações.

De qualquer modo, não é absurdo admitir que ainda há muitos preconceitos em torno ao ESG, embora seu propósito original não estivesse a serviço de qualquer tendência, mas de todos.

Correntes políticas contrárias

De um lado, setores da direita política associam o ESG ao chamado “wokismo”, acusando-o de promover uma agenda excessivamente focada em causas sociais e coletivas, mas com supostas falhas na análise de suas consequências práticas.

O pilar ambiental (“E” da sigla) seria visto como um obstáculo ao progresso econômico e tecnológico, em nome de uma busca por “igualdade utópica”.

Para esses críticos, o movimento não passaria de “militância corporativa desconectada da realidade”.

Por outro lado, uma parte expressiva da esquerda argumenta que o ESG foi cooptado pelos interesses das elites.

Segundo essa visão, as grandes corporações e os próprios governos estariam usando a pauta socioambiental como fachada para perpetuar desigualdades, maquiando práticas tradicionais sob um discurso de sustentabilidade e justiça social.

Com as duas extremidades tensionando a discussão, o resultado não surpreende: o ESG sofreu um notório apagamento no mundo corporativo, especialmente nos últimos meses. 

Mas não é o seu fim, como veremos ainda neste artigo.

Outras razões para o declínio

Segundo o Financial Times, é quase certo que a sigla “ESG” deixará de ser amplamente utilizada em breve.

Na prática, ainda em 2025, o termo deve desaparecer do cenário político e econômico global. Alguns fatores explicam esse declínio:

  1. Falta de clareza conceitual: Não há consenso sobre os limites do que o ESG realmente abrange (a própria Europa questiona: qual é o “perímetro” da sigla?).
  2. Banalização corporativa: A tendência de rotular modismos empresariais como “ESG” esvaziou o propósito original da agenda.
  3. Confusão semântica: O termo é frequentemente tratado como sinônimo de “sustentabilidade”, embora os conceitos sejam distintos, como já mencionamos aqui.
  4. Associação ao greenwashing: Empresas e instituições têm usado a sigla indiscriminadamente, inclusive para mascarar práticas não sustentáveis. 

Vale lembrar que, em 2022, Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX, chegou a acusar a agenda de ser uma “grande fraude”, abalando sua credibilidade.

Um termo mais adequado para o mundo corporativo

Porém, embora o rótulo Environmental, Social & Governance possa estar com os dias contados, as pautas ambientais, sociais e de governança permanecerão urgentes. Especialmente para instituições privadas.

Então, o que se segue?

A proposta de um novo termo, mais adequado e capaz de refletir de forma clara o real combate à crise socioeconômica e climática causada pela industrialização desenfreada, entre outros fatores.

Conte com uma das soluções da Eccaplan para compensar o carbono excedente emitido por sua empresa ou evento.

Das origens à “segurança energética”: a evolução do ESG

Como se sabe, a origem do ESG, sigla para Environmental, Social, and Governance (Ambiental, Social e Governança), remonta a 2004, quando o Pacto Global da ONU e o Banco Mundial lançaram o relatório “Who Cares Wins”.

Nesse sentido, essa publicação foi uma iniciativa pioneira para incorporar critérios ESG no mercado financeiro. Ademais, representou um marco fundamental na conscientização sobre a importância de práticas sustentáveis e gestão responsável nos negócios.

Desde então, o conceito passou por altos e baixos.

A crise financeira de 2008 evidenciou a importância de uma gestão financeira corporativa sólida, destacando elementos como transparência, monitoramento rigoroso e comunicação direta como pilares essenciais.

A cada década, outro desafio

Na década de 2010, com o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o ESG ganhou força, atraindo a atenção de empresas e governos em escala global.

No entanto, se por um lado cresceu a preocupação com questões socioambientais – impulsionada por regulamentações, pressão de consumidores e outros stakeholders –, por outro, aumentou também o número de empresas em busca de “atalhos” para cumprir essas demandas.

O trade-off era inevitável: adotar uma agenda sustentável exigia investimentos significativos, o que gerou resistência entre muitos investidores e players do mercado.

Aos poucos, a tentação de contornar as práticas de responsabilidade corporativa ganhou força, minando os princípios do ESG.

Para muitos, o termo tornou-se sinônimo de “cortina de fumaça”, especialmente diante de casos flagrantes de greenwashing.

O “novo normal” pós-pandemia

A década de 2020 começou sob o signo da pandemia, mergulhando o mundo em uma crise financeira e instabilidade política sem precedentes. 

Esse cenário turbulento intensificou os desafios no combate às mudanças climáticas e às desigualdades sociais, exigindo uma reavaliação urgente de metas e estratégias.

O chamado “novo normal” forçou uma mudança de perspectiva: o prazo original do Acordo de Paris (2030) mostrou-se insuficiente, e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pareciam cada vez mais distantes.

Diante disso, novos prazos foram estabelecidos para a descarbonização: a União Europeia (UE) adotou 2050 como meta, enquanto a China estendeu seu compromisso para 2060. 

Paralelamente, houve uma flexibilização nos prazos de divulgação de dados, como exemplificado pela Diretiva Stop-the-Clock da UE, em vigor desde 14 de abril de 2025.

Nesse contexto, tornou-se evidente que as regulações ESG consolidadas nas décadas anteriores precisavam de uma reestruturação profunda – especialmente em temas críticos como descarbonização e eficiência energética. 

Afinal, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio despertaram novamente o interesse por carvão, gás e energia nuclear por parte da indústria bélica e outros segmentos. 

Porém, outros viram que a questão ambiental não poderia ser deixada para trás. Ou melhor, ela não nos deixaria.

Fim do ESG, mas nova face da responsabilidade corporativa

Deste modo, o foco passou a ser o uso de energias limpas de forma mais abrangente. De acordo com o Financial Times, uma transformação marcante na mentalidade dos investidores ESG está em curso. 

Os chamados fundos de transição (ou “improver funds”) ganham relevância no mercado.

Assim, essa nova classe de investimento reflete um entendimento mais maduro: empresas intensivas em carbono precisam efetivar sua transformação sustentável, é inevitável, ainda que relutem.

E precisam de capital para tanto. 

Por isso, segundo analistas, essa seria a evolução do ESG, que passaria a ser denominado como “segurança energética”.

E no Brasil? É o que veremos a seguir.

ESG no Brasil hoje e amanhã

No Brasil, a agenda ESG mantém força e seu crescimento é claro. Definitivamente, consolidou-se como fator estratégico para empresas e investidores.

O futuro do ESG no país mostra maior integração às decisões de investimento. Dois motivos são chave para esse panorama: regulamentações, incluindo a de mercado de carbono, e demanda por sustentabilidade.

A discussão sobre ESG segue em frente.

Porém, deixa de lado a teoria para focar a materialidade de riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governança.

Surge a Materialidade ESG ou Análise de Materialidade, embora abranja conceitos variados. Segundo normas e frameworks setoriais, ela define o que é prioritário para a empresa e seus stakeholders.

Em essência, a Análise de Materialidade dialoga com a observação de riscos e oportunidades para cada empresa, dentro de cada setor.

Essa prática já faz parte do cotidiano de muitas instituições, a fim de atender regulações e auxiliar na governança corporativa global.

A análise de materialidade mapeia os temas ESG críticos para o negócio, direcionando a estratégia de sustentabilidade e fortalecendo a resiliência corporativa.

Análise de Materialidade

A análise de materialidade, ao identificar os temas críticos de sustentabilidade para o negócio, encontra na matriz de materialidade sua expressão visual.

Esta ferramenta estratégica organiza os temas materiais em um gráfico de dois eixos, mapeando:

  • No eixo horizontal: a relevância para os stakeholders
  • No eixo vertical: o impacto no negócio

Alinhada com a evolução dos conceitos da agenda ESG, a Eccaplan conta com uma equipe capacitada que elabora a Matriz de Materialidade, consolidando a sustentabilidade empresarial de seus parceiros.

Ao transformar princípios ESG em ação concreta, a Matriz de Materialidade preparada pela nossa equipe opera como bússola estratégica: antecipa riscos, traz previsibilidade aos negócios e estrutura práticas sustentáveis.

Além desse poderoso instrumento que atende à nova realidade do cenário de ESG no Brasil de hoje, a Eccaplan também oferece formações e treinamentos específicos para entender a evolução da responsabilidade corporativa e sustentabilidade em nível nacional.

Cursos e palestras sobre o futuro do ESG e da transição energética fazem parte das nossas soluções. Dessa forma, sua empresa pode obter os melhores resultados sem negligenciar questões ambientais, sociais e de governança.

Quer se alinhar com o futuro da sustentabilidade 360º? Entre em contato com o nosso time!

Matriz de Materialidade  da Eccaplan como ferramenta para identificar temas de sustentabilidade

Compartilhe

NEWSLETTER

Quer receber nossas novidades em seu e-mail?

Inscreva-se no formulário com seu nome e e-mail que enviaremos novos conteúdos mensalmente.