As turbulências políticas e econômicas, somadas ao acirramento das polarizações em 2025, têm levantado desconfianças da população, especialmente quanto às declarações de sustentabilidade pelas marcas.
À primeira vista, os investimentos na área parecem ter encolhido, assim como o interesse de empresas e instituições.
Dados de estudos recentes, todavia, dão o alerta: a preocupação com o meio ambiente permanece viva entre a população e stakeholders-chave.
Por um lado, o greenlash ganhou força em governos e corporações desde 2024, como já discutimos aqui.
No entanto, por outra parte, a crise climática continua sendo uma realidade inegável, para além de qualquer ideologia.
Pelo menos, é o que indicam as pesquisas sobre a preocupação da população mundial e dos brasileiros, em particular, que além do receio de catástrofes, demonstram dúvida quanto a promessas ambientais.
Diante desse cenário, é preciso entender como essas forças opostas estão moldando o presente e o futuro da sustentabilidade.
Uma coisa é certa: a responsabilidade ambiental não sairá do radar.
Contudo, para que ela avance, é necessário enfrentar os desafios atuais, tanto na prática quanto na educação e conscientização de diferentes setores e grupos sociais.
Uma das estratégias possíveis consiste em fortalecer a confiança em ações genuinamente sustentáveis. É o que exploraremos a seguir.
Governos e populações: preocupações e desconfiança quanto à sustentabilidade
Um estudo abrangente publicado na Nature Climate Change, envolvendo 130.000 entrevistados em 125 países, revelou dados surpreendentes sobre a percepção pública da crise climática.
A pesquisa identificou padrões globais consistentes: 89% da população mundial exige ações governamentais mais robustas contra o aquecimento global, com 68% dispostos a destinar 1% de sua renda pessoal para iniciativas climáticas.

Divergência entre países, poderes e sociedade
A China, maior emissora global de gases de efeito estufa, apresentou os índices mais elevados de preocupação ambiental, com 97% de seus cidadãos demandando maior engajamento governamental.
Mas o estudo revela uma contradição significativa que deve ser analisada com atenção.
Enquanto a sociedade civil global demonstra clara disposição para ação imediata, observa-se uma crescente desaceleração no comprometimento de entidades públicas com a agenda ambiental.
Mecanismos de mudança social para medidas sustentáveis
Apesar da divergência apresentada, os dados sugerem a existência de potenciais ciclos de mudança positiva e consistente.
Nesse sentido, as interações positivas identificadas entre conscientização pública e disposição para ação demonstram uma oportunidade única.
Assim, a vontade popular pode funcionar como mecanismo de motivação para que entidades governamentais e demais instituições retomem projetos e medidas voltadas para a responsabilidade ambiental.
Em outras palavras, essa dinâmica cria condições propícias para pontos de inflexão social, para a reavaliação de fatores-chave, como investimentos em projetos sustentáveis efetivos e a participação ativa em eventos sobre meio ambiente.
Em suma, a pressão popular pode catalisar transformações mais amplas no engajamento climático.
Contudo, engana-se quem acredita que essas demandas se restringem aos governos.
As empresas também devem se adequar a essa realidade, fugindo do greenwashing e greenlash, temas que cada vez mais chamam a atenção de stakeholders.

A realidade brasileira e a sustentabilidade: na mesma frequência do mundo
No Brasil, uma pesquisa realizada pela consultoria Ipsos revela dados alinhados com as tendências globais.
O estudo demonstrou que mais de 70% dos brasileiros reconhecem que a última década foi a mais quente já registrada, associando esse fenômeno diretamente à crise climática.
Além disso, a população espera um papel mais ativo tanto das empresas (71%) quanto do governo (75%) na prevenção, mitigação e reparação dos danos causados pelas mudanças climáticas.
Essa percepção tem se intensificado diante dos recentes eventos extremos, como as inundações no Sul e as ondas de calor recorrentes em diversas regiões do país, que deixam claro o impacto direto do clima em transformação.

Desconfiança dos brasileiros com promessas feitas por marcas
No entanto, no âmbito da alta conscientização ambiental, a pesquisa aponta que a tradução dessa preocupação em ações concretas ainda esbarra em obstáculos significativos.
Entre os principais fatores complicadores está a concorrência de prioridades.
Desse modo, questões como violência urbana e instabilidade no mercado de trabalho muitas vezes acabam ocupando um lugar mais imediato na agenda pública do que a emergência climática.
Outro fator crítico é a desconfiança generalizada em relação às ações de governos e empresas.
Em 2021, apenas 26% dos brasileiros viam um plano claro do governo para combater as mudanças climáticas; desde então, porcentual vinha entre 40% e 41%, mas caiu para 36% em 2025.
Porém, essa descrença não se dirige unicamente aos órgãos públicos. O estudo da Ipsos revelou que somente 26% dos entrevistados confiam nas promessas ambientais feitas pelas marcas.
A cifra está um pouco acima da média global, 22%, mas ainda assim reflete o ceticismo da população quando às declarações de sustentabilidade das empresas.
E esse é um ponto que merece atenção especial, já que a credibilidade do setor privado é essencial para aumentar a adesão da sociedade a medidas sustentáveis.
Transparência e confiabilidade: os dois pilares da sustentabilidade corporativa
A relevância da governança corporativa tem sido amplamente discutida, com ênfase crescente na necessidade de implementar boas práticas e consolidar uma cultura organizacional robusta.
Por esse motivo, a governança constitui um dos pilares centrais para aumentar a confiança de stakeholders nas ações e projetos voltados para a sustentabilidade empreendidos pelas empresas.
Boas práticas nas empresas: assegurando a confiança
A adoção consistente de boas práticas de governança corporativa consolida a maturidade institucional e a sustentabilidade do negócio.
Se uma organização demonstra compromisso com crescimento responsável, fortalece sua credibilidade perante investidores, clientes, colaboradores e parceiros.
Esse capital de confiança se transforma em resultados palpáveis.
Observa-se um incremento nas vendas, na captação de novos investimentos, atração e retenção de talentos, assim como um aumento no estabelecimento de parcerias estratégicas.
Mas de que modo é possível conectar a atenção ao meio ambiente com a transparência corporativa? Vejamos alguns conceitos.
Boas práticas de governança e responsabilidade ambiental: uma relação direta
Muitas empresas ainda têm dúvidas quanto à existência de uma correspondência entre governança corporativa e compromisso ambiental.
Essa relação é tão essencial para a credibilidade das ações sustentáveis das empresas que até mesmo a Agência Nacional de Saúde Suplementar lançou o Guia de Governança e Responsabilidade Socioambiental.
Nele, líderes e gestores de órgãos públicos podem encontrar os principais eixos que conectam governança e sustentabilidade.
No entanto, essas mesmas diretrizes são aplicáveis no ambiente corporativo privado e podem aumentar a credibilidade das instituições particulares. Aqui se encontram alguns exemplos:
- Transparência ativa: divulgação de resultados e informações relativas aos projetos de sustentabilidade empreendidos, com acesso facilitado para stakeholders;
- Realização de inventários de critérios de sustentabilidade, compreendendo os inventários de emissão de gases de efeito estufa (GEE);
- Atenção à cadeia de produção e à entrega de produtos e serviços, evitando dados inconsistentes e ações desnecessárias;
- Investimento em inovação, buscando sempre a produtividade e criação com menor impacto ambiental e menor custo;
- Certificações e selos nacionais e internacionais atestando a qualidade e credibilidade dos projetos e medidas de proteção ambiental.
O Guia da ANS também traz um capítulo especial sobre os principais elementos da dimensão ambiental para a governança e transparência, como veremos.

Medidas que reforçam o compromisso das empresas com a sustentabilidade
Uma das maneiras pela qual as empresas podem reconquistar a confiança da sociedade consiste na implementação de uma gestão estratégica.
Esse modelo engloba um conjunto de instrumentos que busca o alcance das metas, sem deixar de lado transparência de dados, auditabilidade e consistência.
Os instrumentos da gestão estratégica passam pela implementação de programas de gestão de resíduos, controle das emissões de GEE, contenção dos gastos de água e monitoramento de dados, além da comunicação direta e transparente com parceiros e clientes.
Soluções ao alcance da mão: mais credibilidade e adesão de stakeholders
A Eccaplan desenvolveu diversas soluções para colaborar com as empresas que desejam entender melhor a correlação entre governança e ações verdadeiramente sustentáveis.
Dentro da proposta da ANS, o sistema de gestão de resíduos da Eccaplan abrange todo o ciclo de vida dos materiais.
Da redução na geração à destinação final sustentável, a solução gera benefícios ambientais e promove a inclusão socioeconômica de catadores organizados em cooperativas ou atuando de forma autônoma.
No escopo dos inventários, a Eccaplan oferece um Sistema de Gestão de GEE que permite o monitoramento constante e precisão nos dados.
Já comentamos anteriormente que o sistema não é somente uma medida que cumpre com as legislações.
Certificações e credibilidade: por onde começar?
Na verdade, consiste na primeira etapa para um processo de descarbonização confiável e cujos resultados são disponibilizados para auditorias internas e acesso de stakeholders.
Por sua vez, no que diz respeito ao investimento em projetos sustentáveis certificados, a plataforma Carbonfair da Eccaplan oferece diversas opções.
Assim, da agricultura regenerativa à biomassa renovável, passando pela compostagem e manejo de resíduos, há diferentes alternativas para a neutralização de carbono e gestão de emissões e resíduos corporativos.
Mais ainda, vale salientar que todos os projetos da Carbonfair são certificados pelos rigorosos padrões Verra VCS e Carbon Fair Standard (CFS), auditados por instituições independentes de reconhecimento global.
Deseja implementar práticas de sustentabilidade através de sistemas e projetos certificados que gerem credibilidade junto a stakeholders?
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